sábado, 6 de agosto de 2011

LEI COMBATE O PRECONCEITO


Proposta prevê ensino a distância para aluno deficiente

Arquivado em Educação a Distância
Tramita na Câmara o Projeto de Lei 508/11, do Senado, que assegura o acesso escolar ao aluno cuja deficiência o impede de frequentar estabelecimentos de ensino. A proposta prevê atendimento educacional em local especial, recursos pedagógicos de educação a distância e outros que se utilizem da internet.
O autor, ex-senador Augusto Botelho (RR), ressalta que a deficiência pode impedir que o estudante se desloque para as escolas especiais, o que cercearia seu acesso à educação.
Lei atual
O projeto altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, Lei 9.394/96). A lei estabelece que o dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante diversas garantias, entre elas o atendimento educacional especializado gratuito aos alunos com necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino.
A lei também obriga os sistemas de ensino a assegurar aos alunos com necessidades especiais, entre outros pontos:
- currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades;
- professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns.
Tramitação 
O projeto tramita em caráter conclusivo e será analisado pelas comissões de Seguridade Social e Família; de Educação e Cultura; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

terça-feira, 2 de agosto de 2011


Aimorés


http://pt.wikipedia.org/wiki/Aimor%C3%A9s_(Minas_Gerais)
Por: Karla Cristina de Abreu Quintela

Cidade Brasileira, situada na divisa dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, localiza-se,  no Vale do Rio Doce,   possui uma população de 24.969 habitantes, sendo 12.061 homens e 12.898 mulheres de acordo com o censo 2010, divulgado pelo  Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.  Sua área é de 1.349,987 km², dos quais 3,573 km² estão no perímetro urbano da sede do município.
O Produto interno bruto com base dado 2008 é de R$ 8.887,23 per capta a preços correntes.  
Na saúde conta com  20 estabelecimentos com atendimentos pelo SUS.


Síntese das Informações


Sinopse do Censo Demográfico 2010
(Representação Política 2006)
Eleitorado:         20.056   Eleitores

Produto Interno Bruto dos Municípios 2008
PIB per capita a preços correntes:           R$ 8.887,23

Educação
(Ensino - matrículas, docentes e rede escolar 2009)
Matrículas

 Ensino fundamental:    3.789 Matrículas
 Ensino médio:                     828 Matrículas

Docentes

 Ensino fundamental:        250 docentes
Docentes - Ensino médio    82 docentes

Serviços de Saúde 2009
Estabelecimentos de Saúde SUS: 20 estabelecimentos

Estatísticas do Registro Civil 2009
Nascidos vivos - registrados - lugar do registro:     311 pessoas

Finanças Públicas 2008
Receitas orçamentárias realizadas – Correntes:                 R$ 29.322.508,52              
Despesas orçamentárias realizadas – Correntes:                R$ 23.486.415,54             
Valor do Fundo de Participação dos Municípios - FPM    R$ 10.730.455,27            

Estatísticas do Cadastro Central de Empresas 2009
Número de unidades locais:     579  unidades
Pessoal ocupado total:           3.121  Pessoas

Fonte: IBGE
         Wikipédia

FOME NO BRASIL




Cerca de 30 milhões de brasileiros convivem diariamente com a fome. A renda familiar dessas pessoas não dá para comprar alimentos suficientes, recebem também o nome de miseráveis ou indigentes. Elas não trem condições básicas de vida do ser humano: sobreviver, crescer, resistir às doenças, trabalhar e conviver em sociedade.
Dos brasileiros que vivem nessa situação de pobreza quase a metade mora nas cidades e a outra metade nas zonas rurais, a maioria na região Nordeste. No entanto a fome é um problema que ocorre em todo o território nacional.
Nas zonas rurais as famílias produzem alimentos, dependendo um pouco menos do dinheiro para comprar comida aumentando o consumo de alimentos em relação a zona urbana, mas em contra partida a mortalidade infantil é maior pela dificuldade de acesso a serviços de saúde e saneamento básico.
 O Brasil tem grande quantidade de alimentos disponível, se todo esse alimento fosse distribuído a todas as pessoas por igualdade cada um poderia consumir a quantidade necessária de calorias e proteínas recomendadas pelos especialistas em saúde.
A fome no Brasil não é pela falta de alimento, o problema está no poder aquisitivo da população, no preço dos alimentos e também na distribuição. A produção de alimentos se dá na maior parte nas regiões Sul, Sudeste e Centro-oeste do Brasil e mais da metade dos que passam fome estão no Norte e Nordeste.
O problema mais grave é a má distribuição de renda, o baixo poder aquisitivo ao lado da falta de assistência à saúde e saneamento básico.
EXTREMA POBREZA E  PROGRAMA BRASIL SEM FOME 

Por Karla Cristina de Abreu Quintela




De acordo com as informações do censo 2010, divulgadas pelo Instituto Brasileiro de  Geografia e Estatística – IBGE, o Brasil tem uma população de 190.755.799 habitantes, 8,5% da população, os  16,267 milhões de habitantes vivendo na extrema pobreza, sendo 4,8 milhões sem nenhuma renda e 11, 4 milhões com renda per capta até R$ 70,00 por mês, critério apresentado pelo o Ministério do Desenvolvimento Social e calculado pelo IBGE.
Os que declaram não ter renda vivem em condições de miséria, sendo em áreas urbanas e rurais, não tendo acesso a rede de esgoto e água tratada.

De acordo com as informações do IBGE,  dos 16,267 milhões que se enquadram na extrema pobreza, 59,1 % na região Nordeste, 50,9% são jovens até 19 anos, 41% vivem no campo, 70,8% se declaram pardos e negros.

As tabelas abaixo as regiões com maior índice de extrema pobreza por região.


  Esses dados contribuem com o governo através do  PROGRAMA BRASIL  SEM FOME,  sendo melhor distribuidas as ações a serem realizadas de acordo com a realidade de cada estado brasileiro.

A meta do governo agora é tirar essa população da extrema pobreza. 

Segundo a ministra de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Teresa Campello  “ É um plano para todo o Brasil. Acreditamos que de fato será possível erradicar a extrema pobreza no governo da presidente Dilma. É uma meta ousada, um plano complexo, por isso é preciso o envolvimento de todo o país”.

Fonte de pesquisa:
Site: Portal do Governo
G1. Globo
Jornal o Globo
IBGE

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

LUTA PELO COMBATE CONTRA A POBREZA.



Ciclo de DebatesNos dias 09 e 10 de junho do corrente ano, o vereador Fabrício dos Santos Simoni (Fabrício da Cleusa) participou no Plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais do Ciclo de Debates “Estratégias para a Superação da Pobreza em Minas Gerais”.
O encontro contou com várias autoridades mineiras e destaque para o Secretário de Estado de Desenvolvimento Social Deputado Wander Participantes da palestraBorges que, em sua palestra falou da preocupação do Governo de Minas em combater a pobreza. As propostas que foram apresentadas contribuirão para a elaboração e a implantação de programas estratégicos para minimizar a pobreza extrema em Minas Gerais.
Disse ainda que é preciso levantar a auto estima destas pessoas, pois muitos falam que nasceram assim e morrerão nunca irão mudar. A pobreza é um produto da própria sociedade e só será mudado com o empenho da aplicação das políticas públicas e da própria sociedade, concluiu.

REALIDADE BRASILEIRA

Texto de: Karla Cristina de Abreu Quintela

Brasileiros se deparam diariamente com situações decorrente da pobreza, onde a maioria da população do país se encontra, isso é visível nos meios de comunicação.

Parte da população acredita que a miséria em que se encontra, milhares de pessoas no terrítorio nacional é causada por falta de vontade, comodismo, preguiça,  ou por pessoas que esperam amparos de programas sociais. Mas não é bem assim, o desemprego nos ultimos anos cresceu paralelamente com a redução dos postos de trabalho, com chegada da era da informação, muitos trabalhadores foram trocados por máquinas e computadores,  uma empresa com uma linha de produção que na década anterior necessitava de mão de obra de 100 funcionários  substituídos por uma equipamento tecnológico que atende as necessidades da empresa contratando apenas  5 a 10  operadores (para troca de turno).  Operador este que necessita de conhecimento técnico  (formação) para operação do novo equipamento e exercício da nova função, e também reduzindo despesas para a contratante. Exemplos como este, que fizeram com que mais pessoas chegassem a classe de baixa renda ou extrema pobreza no país, pois 100 pessoas desempregadas, na maioria das vezes sem qualificação, que por estarem trabalhando a muito tempo em uma determinada empresa, não se preocuparam em se capacitar, pois a maioria esperam apenas a aposentadoria para descansar.  Podemos citar outros exemplos como os bancos que substituíram funcionários por caixas eletrônicos de auto-atendimento. Os casos citados são  fatores que contribuem para que muitos estejam na linha da pobreza.

A realidade é que ainda encontramos pessoas que vivem em baixo de pontes, dormem na rua, sem tento e nem ao menos tem condições de comprarem seu próprio alimento. Sem contar que indivíduos neste estágio da vida tem dificuldades para conseguir trabalho por falta de formação, discriminação ou medo por parte dos empresários devido a violência e falta de referência.  Outro fator atribuído a esses problemas sociais é a má distribuição de renda. Mas, com tudo, ainda encontramos pessoas, que digo, serem verdadeiros artistas, que conseguem através do seu talento ou até mesmo a fé em si mesmo,  sobreviver honestamente nas ruas, como  mostra a reportagem do globo repórter exibida sexta-feira,  29/07/2011. A luta dos guerreiros em busca do sustento. (reportagem na integra)

Embora, o Brasil tenha avançado nos últimos anos na área social, ainda existem outros problemas que afetam a vida dos brasileiros. O governo tem buscado soluções para geração de empregos, o crescimento da economia do país é visível, mas não o suficiente para gerar empregos que atendam a demanda. Sem contar que a boa formação educacional e qualificação profissional são requisitos indispensáveis, que pesam na vida dos desempregados. Desempregados, sem qualificação, fica impossível se qualificar mesmo com as universidades federais, pro-uni, cefets,... Pois, na maioria das vezes, esses desempregados são pais de família e por estarem na classe de baixa renda ou de extrema pobreza, moram nas períferias, e  despesas com transportes impossível quando se tem família para alimentar,   dificultado ainda mais a volta desse individuo para o mercado formal.  Desta forma, alguns optam pelo trabalho informal, sem carteiras assinada, salários menores que um salário mínimo,  sem a garantia dos direitos trabalhistas, passam a fazer bicos, um concerto ali outro lá, para garantir a sobrevivência.

Saúde


Na Saúde, quem tem um plano de saúde ou pertencem a classes média, média alta são atendidos em hospitais particulares dignamente. Já na saúde pública é diferente, hospitais superlotados, sem equipamentos, fechando por falta de profissionais, por falta de leitos, como o Hospital Siderúrgica, em Coronel Fabriciano, que pode ser reaberto em 60 dias. Esse hospital  era responsável por 80% dos atendimentos aos pacientes do Sistema Único de Saúde na cidade do Vale do Aço.  Sem contar, a falta de treinamento de alguns profissionais de saúde, que até para atender ou dar informações, ainda não estão preparados.         

Violência

Tema também abordado nos blogs dos colegas cursistas. A violência não está sendo abordada, somente nas capítais ou cidades de grande porte, mas também nas pequenas cidades do interior. O que era notícias de jornais, revistas e telejornais se tornou realidade nas cidades de Aimorés/MG e Baixo Guandu/ES. Crimes bárbaros,  Homicídios, Latrocínio, Estupro, Corrupção de menores, aliciamento de menores e outros. Que chocam a população pela brutalidade.

A lei existe e é clara, mas faz-se necessário o seu cumprimento. O não cumprimento da lei ou as diversas interpretações que ela permite é que explica o aumento da violência na região. Sem contar o direito que se aplica aos menores infratores que são inimputáveis,  ficando sujeito às normas estabelecidas na legislação especial. (art. 26 e 27 do Código Penal e art.228 da Constituição Federal).

Problemas ambientais


Que afetam a saúde da população, como queimadas, poluição de rios com lixo químico,  domésticos e  hospitalares, ausência de  rede de esgosto em determinada localidades,  ausência de água tratada.


Educação


A região de Aimorés se depara com alguns problemas na educação pública. Prédios que necessitam de reformas ou adaptações para verdadeira inclusão da pessoa com necessidades especiais e mesmo mediante solicitação por escrito, encaminhamento de planejamento e  projetos, ainda estão aguardando deferimento do gestor do órgão responsável.

Professores da rede estadual de ensino da cidade se encontram em greve em busca de melhores condições de trabalho, salário e valorização do profissional de educação.

Faz-se necessário investimento no setor na região.  Excelentes profissionais de educação que estão se especializando ou prestando concursos em outras áreas, desistindo da carreira na educação, por estarem decepcionados devido a desvalorização do profissional de educação (baixos salários, plano de carreira), Como o exemplo de um profissional de educação efetivo (concursado), licenciado em geografia que conclui seu mestrado em aproximadamente 1 ano, mas de acordo com o plano de carreira no estado de Minas Gerais, só poderá incluir o título e começar a receber por ele em 2019, se continuar na carreira do magistério, estará quase se aposentando. Frustações com o sistema, na deficiência da formação do aluno, na falta de interesse e responsabilidade (comprometimento) do mesmo para com a educação que recebe, sendo que alguns, não estão nem um pouco preocupados com o futuro. Em se tornarem profissionais (atuais alunos) competentes, cidadões formadores de opnião.

E devido aos problemas citados, seja na Educação, na saúde, no esporte, bem como o aumento de casos de violência, faz-se necessário o debate, a divulgação, a consciêntização da população e a boa vontade dos governantes não só em priorizar as políticas públicas, mas também garantir a eficiência e eficácia das políticas a serem implantadas.

Fonte de pesquisa:

G1. Globo.com
Wikipédia
http://www.brasil.gov.br/
Código Penal (art. 26 e 27 do Código Penal).
Constituição Federal (art.228 da Constituição Federal).
Estatuto da Criança e do Adolescente
Instituto Brasileiro de Geografia e Estastística

Os dados do Censo e a luta pela construção de uma consciência racial

Postado por: Karla Cristina de Abreu Quintela


Reconhecimento da negritude é um passo fundamental no combate ao racismo e suas conseqüências

Texto escrito por: Wilson H. da Silva da redação.


Assim que os primeiros dados do Censo 2010 foram divulgados, a mídia foi tomada por manchetes destacando que, pela primeira vez desde que se iniciaram os censos demográficos no Brasil, em 1872, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) constatou que a população autodeclarada branca corresponde a menos de 50% da população brasileira.


Segundo o levantamento, enquanto 47,7% da população se declararam “branca”; 43,1% se definiram como “parda” e 7,3% como “preta”. Ou seja, apenas a soma de “pretos” e “pardos” (50,4%) já compõe uma maioria “não-branca”, índice que fica um pouco mais elevado ao lembrarmos que os que se declararam “amarelos” e “indígena” foram, respectivamente, 1,1% e 0,4% da população. Em números absolutos, entre os pouco mais de 190 milhões de brasileiros, temos hoje cerca de 82,2 milhões que se definem como “pardos”; 14,5 milhões como negros; 2 milhões como amarelos e pouco mais de 800 mil como indígenas. Os que se declaram brancos são 91 milhões, ou seja, cerca de 5,7 milhões a menos que a soma da população afrodescendente.O aspecto mais alardeado pela grande imprensa foi o fato de que, comparado ao resultado do Censo anterior (veja tabela), os dados indicam que, nos últimos dez anos, a queda no número daqueles que se declaram brancos foi acompanhada por um aumento dos que se definem como “pardos”. Essa tendência já vinha sendo apontada desde o início dos anos 2000, tanto pelo movimento negro quanto pelas Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios, PNAD. Além disso, há décadas o movimento negro critica a utilização do termo “pardo” nas pesquisas e considera como “negro” a soma dos que aparecem sob as equivocadas categorias utilizadas pelo IBGE, “preto” e “pardo”.

É evidente que estes números indicam que há em curso um processo de mudança na identidade
 e consciência raciais dos brasileiros. O que uma simples leitura das tabelas não permite, contudo, é analisar a profundidade destas mudanças, seus significados e, principalmente suas conseqüências sociais e políticas.Muitos foram os analistas e setores do movimento negro que se apressaram em concluir que os números são resultados das ações do governo Lula e, principalmente, da existência de programas que incentivam a “afirmação racial”, como o   ProUni e os sistemas cotas de várias universidades públicas.Mas o que estes números indicam é que ainda é preciso muita luta pela construção de uma consciência de racial neste país. E isto, como ensinaram líderes negros como Steve Biko e Malcolm X, é um passo fundamental no combate ao racismo e suas nefastas conseqüências.A negação da negritude. A principal contradição dos números é a que se encontra num dado que, geralmente, é minimizado nas análises burguesas e governamentais: a porcentagem dos que se declaram negros é de ridículos 7,3%.Como pode ser visto no quadro, isto significou um aumento pífio em relação ao Censo de 2000, quando apenas 6,21% da população não se esquivaram de se identificar plenamente como afrodescendente, o que, dentro das equivocadas categorias usadas pelo IBGE, significaria dizer “preto”. Exatamente por isto podemos afirmar que tanto a constatação de que apenas 14,5 milhões de brasileiros se identificam como negros, quanto o aumento de apenas 1,1% deste setor nos últimos dez anos revelam, acima de tudo, uma enorme distorção da realidade e, principalmente, da consciência. Algo que fica escancarado, por exemplo, no caso da Bahia, um estado que se orgulha, com razão, de ser guardião da tradição afro-brasileira: em 2009, pouco mais de 13% dos baianos se identificaram como “preto”; no ano passado, este índice subiu para 17,1% da população (algo em torno de 2,3 milhões). É correto que, para todos nós do movimento negro, este número tem que ser somado aos 82,2 milhões que se declararam “pardos”. Contudo, é evidente que o fato do movimento considerar os “pardos” como negros não significa que os e homens e mulheres que definiram desta forma têm a mesma consciência. E, por isso mesmo, antes de encararmos esta contradição, o mais correto seria se perguntar o porquê de, num país com o nosso histórico, há tão poucas pessoas que se identificam como “negras”, enquanto um número crescente se refugia numa categoria tão “problemática” quanto “pardo”.Até mesmo os aspectos mais lamentáveis da nossa história servem como prova inconteste de que aqui sempre houve uma predominância de negros e negras e seus descendentes. Algo que sequer precisaria ser “legitimado” por um censo. Afinal, não poderia ser outro o malfadado resultado do fato do Brasil ter servido como destino para o maior número de pessoas sequestradas da África e, ainda, ter sido o último do mundo a estancar o tráfico negreiro e abolir a escravidão. O único saldo “positivo” que poderíamos tirar desta tragédia histórica seria exatamente o fato de termos orgulhos de sermos herdeiros de um povo que sobreviveu, apesar de tanto sofrimento. De termos orgulho de sermos “negros”. Algo que seria fundamental para que pudéssemos fazer justiça aos nossos antepassados, destruindo o racismo que tem marcado seus descendentes. Pardo: a cor da contradição. A maioria dos analistas preferiu se deter na hipótese mais “positiva”, celebrando o fato de que, em dez anos, houve um aumento de 16,9 milhões de brasileiros que já assumem a mestiçagem como parte de sua herança racial, já que, em 2000, os “pardos” correspondiam a 38,45% da população (cerca de 65 milhões) e, em 2010, este grupo subiu para 43,1% (pouco mais de 82 milhões).Contudo, por mais simpática que esta hipótese seja, ela não nos ajuda a encarar o debate necessário para um verdadeiro combate ao racismo. O termo “pardo” em si é bastante problemático e o simples fato de que ele ainda seja usado por pesquisas realizadas por governos pretensamente identificados ao combate ao racismo, como se dizem Lula e Dilma, é um escândalo.O fato de o movimento negro há décadas não considerar “pardo” como uma categoria racial tem a ver principalmente com a compreensão, corretíssima (e facilmente comprovada pelas ações policiais) de que, parodiando um famoso ditado, no Brasil, no fim das contas (e, na porta do banco, na fila do desemprego e para efeito de pagamento dos piores salários, etc, etc), todos pardos são negros.Mas não é só isto. O próprio termo está contaminado de significados que reforçam a ideologia racista. Basta lembrar que a origem da palavra está associada aos leopardos, os “leões manchados”, como os povos antigos identificavam os animais. E já nesta época a palavra referia-se às idéias de “mácula” e “mancha”. Característica que foi reforçada no Brasil Colonial, quando o termo passou a ser utilizado para se referir a algo “sujo”, “manchado”.E, daí, foi um pulo até que a palavra fosse utilizada para aqueles que resultaram de relações nas quais brancos deixaram-se “macular” e “sujar” pelas peles negras.Por estas e outras é necessário muito esforço para enxergar algo de totalmente positivo na autodefinição, principalmente porque sabemos que, devido à ação da própria burguesia, a grande maioria dos descendentes de negros que se identificaram desta forma tem visão completamente distorcida de sua identidade racial.Todos os pardos são negros. E negra é a cor da liberdade. Por fim, também vale dizer que não é correto tentar interpretar os resultados do Censo como fruto uma questão de simples “auto-estima”. Para nós, da Secretaria de Negros e Negras do PSTU e militantes do Movimento Quilombo Raça e Classe, a verdadeira “auto-estima” só será demonstrada quando conseguirmos conquistar todos para a ideia de que “todos os pardos são negros”. Algo que consideramos como parte fundamental do combate de “raça e classe” que tem que ser travado contra o sistema que criou esta mesma categoria. Primeiro, porque definir-se como negro, numa sociedade como a nossa, já é uma forma de rebeldia contra a ideologia dominante. Segundo, e ainda mais importante, assumir a “negritude” é um elemento fundamental para se compreender a íntima relação que a opressão racial tem com a exploração capitalista.Há décadas as elites dominantes, e agora seus aliados do PT e do PCdoB, têm se utilizado da categoria “pardo” para mascarar que os mais miseráveis entre os miseráveis são “negros”. E são “negros” não só por sua herança étnica ou por terem um tom de pele um pouco mais escuro que a média. São “negros”, primeiro, diante dos olhos das elites, das forças policiais, dos skinheads e fascistas de todas as tonalidades (de Bolsonaro aos fundamentalistas cristãos), pelos empregadores na hora da seleção e, também, pela mídia que nos exclui de suas páginas e telas. Ou seja, por mais que os que se definem como “pardos” procurem, consciente ou inconscientemente, negar sua própria identidade racial, é exatamente por serem vistos como “negros” que eles têm sua vida marcada pela opressão e pela exploração.Afinal, não pode ser uma coincidência que seja exatamente nas regiões onde se concentram a enorme maioria de negros e “pardos” que se verifiquem os piores índices sociais. Apenas como exemplo, vale citar alguns dados revelados por uma pesquisa do próprio IBGE, em base ao PNAD, em 2009. O Maranhão que, ao lado da Bahia, é um dos estados com maior concentração de afros-descendentes apresentam alguns dos índices mais lamentáveis em relação às condições de vida. A taxa de mortalidade infantil (número de crianças mortas no primeiro ano de vida, em mil nascidas vivas), por exemplo, ficou em 36,5 em 2009, a segunda mais alta do país, ficando logo atrás de outro estado “pardo”, Alagoas, onde, para cada mil crianças nascidas vivas, 46,4 morrem antes do primeiro ano. O terceiro colocado também é um estado de forte presença negra, Pernambuco, com taxa de 35,7. Já em relação ao analfabetismo, naquela pesquisa, os quatro estados com piores índices também são conhecidos por sua concentração de “pardos”. Em primeiro lugar está Alagoas, onde 24,6% da população com mais de 15 anos não sabem ler ou escrever. Depois vêm o Piauí (23,4%), a Paraíba (21,6%) e o Maranhão (19,1%). Todos eles muitíssimo acima da média nacional (cerca de 10%).Perceber esta relação é fundamental, mas não é tudo. Para nós, a necessidade de convencer cada um dos “pardos” sobre sua negritude tem uma importância ainda maior. É parte fundamental da luta pela consciência para engajá-los no combate contra esta exploração que também se alimenta do racismo. O fato de que uma maioria do país, hoje, já se identifique como “não-branco” apesar de todos os esforços da elite racista não pode, em hipótese alguma, ser menosprezado. Mas, também, não é para ser supervalorizado e sim tomado como uma contradição que só pode ser superada na luta contra a ideologia e o sistema que, ainda hoje, distorcem a realidade racial deste país.O que precisamos e queremos, pois, são “negros” que se orgulhem do verdadeiro significado deste termo em nossa história: ter o orgulho de ser herdeiro de milhões tiveram suas vidas ceifadas ou lutaram até a morte para conquistarem a liberdade e os direitos que lhes foram negados exatamente por serem negros. Ter orgulho de fazer parte da história de gente “negra”, como Zumbi, João Cândido, Malcolm X e Steve Biko; Dandara, Luiza Mahin ou Ângela Davis.