terça-feira, 4 de setembro de 2012

Por: Cecília Dionizio


DIÁRIO DA REGIÃO (S.J.R.PRETO-SP) - SAÚDE


Saúde da mulher

Principais doenças: cânceres de intestino, de mama e de colo do útero

02:32 - Um estudo patrocinado pelo Ministério da Saúde e pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) foi realizado pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo e mostrou as principais causas que levam mulheres à morte no Brasil. Embora ainda estejam sendo compilados outros dados, já é possível saber quais os problemas que mais matam mulheres em todo o País. O objetivo do “Estudo da Mortalidade de Mulheres de 10 a 49 anos no Brasil”, realizado em todas as capitais do País, é levantar as causas de morte desse grupo etário, com dados corrigidos, para compará-los com os registros (oficiais) e conhecer a mortalidade materna. A partir daí é possível obter números mais reais e estimar um fator de correção para a informação oficial, pois no Brasil ainda há uma cobertura incompleta do Sistema de Informação de Mortalidade Materna do Ministério da Saúde (SIM), com significativa proporção (14%) de óbitos mal definidos e subdeclaração de mortes ligadas à gravidez, parto e puerpério.

As conclusões iniciais definem os cinco principais grupos de causas: câncer (24,2%), doenças do aparelho circulatório (19%), causas externas (15,7%), doenças infecciosas e parasitárias (12,3%) e doenças endócrinas, nutricionais e do metabolismo (4,4%). Dentre as doenças que mais matam as mulheres e que estão diretamente ligadas a esse grupo, destacam-se os cânceres de intestino, de mama e de colo do útero, doenças cardiovasculares, diabetes e Aids. A Aids, de acordo com o estudo, se destaca entre as doenças de causa infecciosa, seguida bem de perto pelo HPV, que leva ao câncer de útero. A contaminação pelo vírus HIV é a primeira causa de morte (60%). Em 35% dos casos, o intervalo de tempo entre o diagnóstico e a morte foi menor do que 12 meses e, na maioria dos casos, foi constatada a associação tuberculose/Aids. As características pessoais das mulheres que morreram revelaram que 49% fumavam; 51% ingeriam bebidas alcoólicas e 12% eram usuárias de drogas.

O relacionamento sexual representou a principal forma de contágio. Toda pesquisa foi coordenada pelos epidemiologistas Ruy Laurenti, Maria Helena Prado de Mello Jorge e Sabina L. D. Gotlieb, professores do Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da USP. Além deles foram destacados coordenadores locais em cada capital do País. Em Rio Preto, segundo médicos das respectivas áreas, os casos confirmam a tendência de resultados do estudo. Previna-se contra as doenças que mais matam e exigem atenção.

Câncer de intestino

O câncer de intestino é um dos pavores entre as mulheres e só perde para o câncer de mama e do colo de útero. Segundo o coloproctologista José Gomes Netinho, os males do intestino grosso são atribuídos ao câncer de colo e reto e suas causas são basicamente o sedentarismo, o fumo, e o álcool, embora o fator hereditário não esteja descartado. “Quando parentes de primeiro grau apresentam a doença, é preciso ficar atento”, avisa. O médico alerta que as mulheres acima de 60 anos que sofrem freqüentemente inflamações intestinais também devem ficar atentas. Outro fator que leva ao problema são os hábitos alimentares errados. O excesso de carnes e pouca verdura são preponderantes para o surgimento de sinais e sintomas como sangramento, hemorróidas, anemia e dificuldade de defecar. Netinho observa que embora alguns sintomas tenham interferência emocional e não sejam exclusivos de quem tem problema intestinal é preciso descartar, por meio de exames específicos, como a retocigmoidoscopia e ou a colonoscopia, a existência de lesões intestinais, mais conhecidas como pólipos, “precursores do câncer de intestino e que podem aparecer em adulto jovem quando há história familiar”, diz.

Doenças cardiovasculares

O coração das mulheres é o campeão de óbitos por enfarte. Segundo a cardiologista Maria Helena Sardilli, do Instituto do Coração de Rio Preto, os riscos de problemas cardiovasculares aumentam após a menopausa, quando em geral aparece a hipertensão arterial. Embora o enfarte possa acontecer em qualquer idade, é com a diminuição do estrógeno associada a fatores ambientais como obesidade, sedentarismo, genética e tabagismo que eles se agravam. Portanto, se a pessoa tende a apresentar colesterol mais elevado ou pressão alta, quando somados esses fatores podem levar ao enfarte e derrame, principalmente quando a situação envolve diabetes. A médica, no entanto, afirma que esses problemas podem ser facilmente contornados se a mulher se conscientizar e colocar em prática o tripé da boa saúde do coração. “Para combater o colesterol alto nada melhor do que uma alimentação balanceada, associada à prática de atividade física regular e ao abandono imediato do vício do cigarro”, afirma.

Diabetes

De acordo com o endocrinologista Antonio Carlos Pires, hoje o diabetes é considerado um problema de saúde pública. Não por acaso, uma vez que 10% da população brasileira sofrem do mal. Porém, a fatalidade maior fica por conta do hipertireoidismo, que por ser uma doença mais agressiva, pode levar à morte quando não tratada. O diabetes acarreta complicações macro-vasculares, como o infarto e o derrame, por exemplo, se não for controlado. A doença é dividida em tipos. O diabetes tipo 1 ocorre em função da necrose da célula beta, que produz a insulina, portanto é uma doença auto-imune que leva à necessidade de controle alimentar e aplicações diárias de injeções de insulina. Do contrário, pode evoluir para nefropatias, levando à insuficiência renal e outros problemas periféricos. Em alguns casos, leva até mesmo ao câncer de mama, na chamada mastopatia diabética, uma doença pouco conhecida, cuja mama pode ficar fibrosada. O diabetes tipo 2, que acontece em função da falência progressiva da célula beta, inicialmente pode ser controlado com medicamentos orais e dieta. No entanto, dez anos depois pode evoluir para o tipo 1. Não tratado corretamente, provoca doenças vasculares importantes que culminam com enfarte ou derrame.

Câncer cervical ou de colo do útero

No Brasil, estima-se que o câncer do colo do útero seja o terceiro mais comum na população feminina, sendo superado pelo câncer de pele não-melanoma e pelo de mama. Este tipo de câncer representa 10% de todos os tumores malignos em mulheres. É uma doença que pode ser prevenida, estando diretamente vinculada ao grau de subdesenvolvimento do país. De acordo com dados absolutos sobre a incidência e mortalidade por câncer do Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer de colo do útero foi responsável pela morte de 3.879 mulheres no Brasil em 1999. Em 2002, o órgão estimou a mortalidade de 4.005 mulheres vítimas da doença. De acordo com a ginecologista Lúcia Buchalla Bagarelli, professora do Departamento de Ginecologia da Faculdade de Medicina de Rio Preto (Famerp), que pesquisa esse tipo de câncer, o causador dele, em geral, é o papiloma, vírus humano (HPV) que não identificado em fases iniciais pode levar à morte. A médica esclarece que nem todos os tipos - são mais de 100 - evoluem para o câncer. Na verdade, apenas dois deles estão comprovadamente associados ao surgimento do câncer: são os tipos 16 e 18. Uma vacina, inclusive, vem sendo pesquisada no HB para prevenir o surgimento destes tipos.

Contaminação

A contaminação pelo HPV se dá através da relação sexual. Porém, em 70% dos casos ocorre uma remissão espontânea. A médica lembra que para que haja uma evolução para o câncer de colo, muitas vezes, há a associação de outros fatores, entre eles o tabagismo, deficiência de betacaroteno (substância encontrada na cenoura) e outras infecções, como o herpes e baixa defesa do sistema imunológico. O grande problema é que o câncer não apresenta sinais, exceto quando já está num estágio avançado. Daí a importância de realizar o papanicolau anualmente, única forma de detecção precoce. O oncologista Nilton Bordim, do Hospital de Base, afirma que o grau de mortalidade pelo câncer está ligado diretamente à demora na visita ao médico. Em geral, quando a mulher chega ao consultório o câncer já não pode mais ser controlado, nem pela retirada cirúrgica - possível quando o estágio ainda é inicial - nem por intermédio da radioterapia e quimioterapia, dois outros métodos de controle em estágios mais graves. Bordim ressalta que embora o uso de preservativos seja apregoado nas campanhas, são gritantes os casos de pacientes jovens que se contaminaram devido à promiscuidade associada ao tabagismo.

HIV

A Aids surgiu inicialmente em grupos específicos, que foram relacionados à promiscuidade excessiva e considerados de alto risco. No entanto, o vírus não se ateve apenas a estes guetos e alcançou as respeitáveis senhoras, graças aos seus maridos pouco conservadores. Daí o fato de haver hoje, em média, uma mulher contaminada para cada dois homens. A distância está diminuindo assustadoramente, de acordo com o professor Luiz Rodrigues Simões Júnior, do Departamento de Ginecologia do Hospital de Base de Rio Preto, que constata o avanço também entre os adolescentes, que acreditam que basta um namoro de um ano com a mesma pessoa para baixar a guarda e deixar de lado o uso do preservativo. O médico conta que infelizmente as campanhas não têm sido suficientes para causar impactos importantes, uma vez que os jovens só tomam consciência quando colegas próximos aparecem com a doença. Todavia, a eficácia das drogas existentes hoje, para controle da doença, possibilita que os portadores do vírus só manifestem a doença cinco, seis anos após o contágio, o que dá a falsa sensação de segurança de que os jovens não são atingidos pelo HIV.

Câncer de mama

A oncologista Ana Maria Cardoso, da Unidade de Regional de Radiologia e Megavoltagem (Urrmev), de Rio Preto explica que o câncer de mama só fica atrás mesmo do de pele, mas graças às campanhas veiculadas pela mídia o diagnóstico da doença tem sido feito precocemente, evitando as cirurgias mutiladoras. “Hoje, fazemos mais as conservadoras, que retiram apenas o quadrante onde está localizado o tumor e uma margem de segurança”, explica a médica. Além disso, ela observa que o surgimento do método linfonodo sentinela, que usa a medicina nuclear para rastrear a axila e esvaziá-la se os gânglios estiverem afetados pelo câncer, deu um auxílio importante no controle do câncer, além de evitar os inchaços pós-cirúrgicos, já que permite a dissecção apropriada quando o rastreamento indica que a medula está comprometida. Além da cirurgia, a radioterapia e a quimioterapia também são usadas para conter o avanço da doença.

Risco

Dentre os fatores que levam ao surgimento do câncer de mama estão as dietas gordurosas, o fumo e, por enquanto, o fator genético é preponderante. Tem sido bastante observado o aparecimento em mulheres que nunca tiveram filhos, por ficarem mais tempo expostas ao estrógeno; também naquelas que nunca amamentaram. A médica afirma que os métodos de prevenção estão muito avançados e hoje só deixa o câncer avançar quem não se previne. Além da mamografia há também o auto-exame que a mulher pode fazer mensalmente, o ultra-som também ajuda a identificar nódulos em fase iniciais. Há ainda o exame genético, que ajuda a identificar mutações nos genes BRCA 1 e o BRCA 2 e possibilita a retirada total da mama quando houver necessidade, uma vez que haja casos da doença na família, permitindo a implantação de prótese mamária, precocemente.

http://noticiasnaspec.blogspot.com.br/2009/04/doencas-que-mais-matam-mulheres-no.html

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