terça-feira, 18 de outubro de 2011

  Mulheres Negras em destaque
Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha é celebrado em grande estilo

Por Brunno Braga | Fotos Xan



Durante cinco dias, o evento Da cor, da Raça, Nação Mulher - organizado pela Base Rio, no Centro Cultural Ação da Cidadania - celebrou e exaltou o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, reunindo música, moda, culinária e palestras que trataram da importância da mulher negra na composição social da região, dando o tom da diversidade temática existente. "É na força dos nossos maiores expoentes culturais que buscamos inspiração para continuar lutando por nossos ideais e sonhos. Nesse cenário, a mulher negra tem fundamental importância como força de resistência e cultura", explica a organizadora Rose de Oliveira.
Adriana Baptista, Flavia Oliveira, Lia Vieira e Gloria Santos. Palestra sobre o empreendedorismo feminino
A festa, que contou com nomes conhecidos no cenário musical, como Alcione e o Grupo Revelação, foi bem avaliada. A atriz Sonia Braga marcou presença e disse que iniciativas como essa são mais do que válidas na busca por igualdade e representatividade da mulher negra. "Vim a convite da Margot Mello (estilista do ateliê Cortiço) para o desfile com temática da mulher africana. Achei lindo e emocionante ver modelos negras lindíssimas." Sonia afirmou que sempre esteve envolvida em causas que lutem contra injustiças, e a luta pela promoção da mulher negra é um delas. "A cara da mulher negra é a cara do Brasil. Fico muito feliz que atrizes negras, agora, tenham mais espaço em novelas."
Margott Mello fez coro com a atriz. "É inaceitável a falta de modelos negras nas passarelas do Brasil. Muitos estilistas dizem que procuram e não acham. Nós somos a prova de que isso não é verdade, pois só no Rio de Janeiro existem inúmeras meninas com 1.76m que podem desfilar para qualquer grife aqui no Brasil." Margott baseou o seu desfile na histórica rainha Ginga, guerreira que lutou contra a invasão portuguesa em Angola. Para representá-la, a estilista convidou a atriz e cantora Maria Ceiça, que, além de desfilar, cantou músicas angolonas no idioma kimbundu, um dos mais falados no país. "Eu tenho profundas relações com Angola, já fui muitas vezes ao país e vejo grandes similaridades entre a mulher angolana e brasileira. A história da Rainha Ginga é bastante emblemática, pois simboliza a força da mulher negra", disse a atriz que, em breve, estará na telas dos cinemas no filme O Grande Kilapy, uma coprodução brasileira- angolana-portuguesa, dirigido pelo angolano Zezé Gamboa e com Lázaro Ramos como protagonista.

Alcione foi uma das grandes atrações musicais
 
A atriz Ilea Ferraz encenando a peça O Cheiro da Feijoada


 
 
  Mulheres Negras em destaque
Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha é celebrado em grande estilo

Por Brunno Braga | Fotos Xan


LUTA PELA INCLUSÃO
Instituído pela Organização das Nações Unidas em 1992, após encontro que reuniu 70 países, o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha tem como objetivo levantar temas e trazer discussões que visem analisar os desafios enfrentados pelas afrodescendentes na região. No Brasil, apesar dos avanços, alguns números mostram que a mulher negra anda sofre dentro de um processo de exclusão social. De acordo com estudos divulgados recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 28,19% das mulheres negras de 15 anos ou mais não sabem ler ou escrever, enquanto entre as brancas esse índice é de 9,9%. No entanto, o fosso entre gênero e raça torna-se mais evidente no mercado de trabalho. As mulheres negras predominam no trabalho doméstico com 35,53%, enquanto a mulher branca representa 15,69% (dados do IBGE/PNAD, 2002).

Maria Ceiça, representando a Rainha Ginga
Para a secretária de Comunidades Tradicionais da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República, Ivonete Carvalho, o evento veio ao encontro das propostas de políticas de inclusão desenvolvidas pelo governo federal. "A questão da mulher negra tem sido uma prioridade em nossa gestão desde a criação da SEPPIR, em 2003, quando tivemos o privilégio de ter uma mulher negra como primeira ministra, que foi a Matilde Ribeiro. Para as mulheres negras, esse é um passo extremamente importante e, hoje, eu tenho a responsabilidade de coordenar as políticas para as comunidades tradicionais em nível nacional. O Da Cor, da Raça, Nação Mulher é extremamente importante com as inúmeras atividades propostas e suas refl exões. Vamos continuar essa caminhada juntas, nos somando aos projetos das comunidades tradicionais do Rio de Janeiro para contribuir para que a mulher negra seja protagonista nesse processo, explicou Ivonete. Adriana Baptista, contratada pela Base Rio para coordenar as palestras no evento, disse que o saldo final foi bastante positivo. Divididos por temas que versavam sobre educação, beleza, saúde, políticas públicas e batizado de "Rodas de Conversas", o objetivo era dar um ar menos sisudo aos debates, deixando os participantes à vontade como se estivessem numa roda de amigos, contando suas experiências de vida, preocupações com saúde e dicas sobre empreendedorismo. "Todo o cenário foi pensado para que as convidadas (palestrantes) se sentissem na varanda da casa de uma amiga. A ideia era quebrar o gelo normalmente imposto pela sobriedade dos auditórios das universidades. Queria mostrar para a plateia que todas aquelas mulheres, em algum momento de suas vidas, se cruzavam com as nossas trajetórias.
No encerramento do evento, o momento de grande emoção contou com a participação da premiada escritora Conceição Evaristo, e uma homenagem à Vó Maria pelos seus 100 anos de vida. Segundo Adriana, a festa Da cor, Da raça, Nação Mulher foi inspirada no projeto cultural desenvolvido por Vera Mendes, fundadora do Bloco Afro Agbara Dudu, no início dos anos 80, no Rio de Janeiro. "A exemplo do Olodum e Ylê Ayê, em Salvador, ela trouxe esse conceito de festa de exaltação e resistência da cultura negra. O nome era a Noite da Beleza Negra, que chegou a reunir 10 mil pessoas em espaços como Clube Renascença, quadras da Portela, Império Serrano. Era o evento mais esperado do ano. Tinha tudo num só lugar: música , desfiles, artesanatos, moda afro, comidas típicas. E muita gente bonita e feliz."
Rose de Oliveira (de blusa colorida), organizadora do Da cor, Da raça, Nação Mulher, e a equipe da Base Rio




  Mulheres Negras em destaque
Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha é celebrado em grande estilo

Por Brunno Braga | Fotos Xan



O protagonismo quilombola
"Nenhum direito a menos" foi o slogan do IV Encontro Nacional das Comunidades Quilombolas
, entre 3 e 7 de agosto, no Rio de Janeiro. O evento foi realizado pela Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ), organização que representa os quilombolas do Brasil. A CONAQ foi criada em maio de 1996, durante reunião de avaliação do I Encontro Nacional de Quilombos. O evento teve o objetivo de fortalecer a luta pelo direito à terra, ao desenvolvimento sustentável e à igualdade e a dignidade.
"Valeu o esforço de várias entidades e pessoas para a realização desse V Encontro Nacional Quilombola. Está mais do que assegurado o protagonismo quilombola e a certeza de que a luta de nossos antepassados não foi em vão. Todo o acúmulo de luta está presente entre os quilombolas que, por sua vez, têm procurado sensibilizar vários setores da sociedade. Não devemos ter dúvida, os quilombos são patrimônios culturais que têm como pano de fundo a defesa da dignidade e resistência politica ancestral", disse a ex-ministra da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, uma das convidadas.
Seminário e shows
Para comemorar seus 23 anos, a Fundação Cultural Palmares realizou de 16 a 18 de agosto o Seminário Nacional - A cultura como veículo de erradicação da miséria. A ministra da SEPPIR, Luiza Bairros participou da abertura do evento, que contou ainda com autoridades, especialistas e militantes do movimento negro. Organizados em grupos de trabalho, os participantes debateram cada um dos eixos temáticos: cultura, inclusão social e cidadania; cultura: erradicar a miséria e ampliar a cidadania; e juventude negra e o legado cultural afro-brasileiro. Encerrando a programação, a homenagem ao ativista negro Abdias Nascimento emocionou a plateia do Teatro Nacional, que ainda guardou fôlego para os shows da cantora Leci Brandão e do rapper GOG.


http://racabrasil.uol.com.br/cultura-gente/158/artigo228127-3.asp

 

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