domingo, 11 de dezembro de 2011

Missa afro em nossa comunidade






Bem pessoal, essa é a igreja que participo e vejam como a nossa comunidade é animada. Não esquecemos do dia da Consciência Negra. A missa foi voltada e relembrada daqueles que fizeram história como o Zumbi de Palmares.

http://paroquiasaosebastiaoaimores.blogspot.com/2011/11/missa-afro-201111.html

Reflexão

http://bandeiranegrarep.blogspot.com/2010_06_01_archive.html

Moda e afro-perspectividade: “com que roupa eu vou?”



Renato Nogueira Jr.
Professor do Departamento de
Educação e Sociedade da UFRRJ

Existem dezenas de programas nas tvs abertas e fechadas que propõem a “transformação” de mulheres e homens – em escala menor – passando pelo corte e processamento químico do cabelo (não nesta ordem necessariamente), além de um novo guarda-roupa e maquiagem completa. Não sou assíduo espectador desses programas; mas, todos os quatro ou cinco que assisti pareciam ter a mesma equipe de produção, direção e até os mesmos patrocinadores; salvo pequenas diferenças, todos propõem o alisamento do cabelo, maquiagem que ressalte feições caucasianas, roupas ocidentais que ajudem a tornar a silhueta das mulheres mais semelhantes às modelos de passarela. Não posso deixar de registrar duas coisas: em primeiro lugar, minha amostra é restrita e não se trata de uma análise científica; tão somente, um ponto de vista. E, por fim: afro-perspectividade é o ponto de vista que busco imprimir diante desse fenômeno das transformações feitas em programas de tv. Cabe acrescentar que afro-perspectividade pode ser definida como um ponto de vista que procura a valorização estética, política, social, afetiva, ética e espiritual dos povos africanos e da diáspora africana.

Pois bem, voltando aos programas do tipo fique mais bonita, alisando o cabelo e usando roupas de griffes ocidentais, o cenário e roteiro são simples: entra uma mulher negra – seja retinta, menos pigmentada ou de quaisquer tonalidades – ela está com o cabelo semi-processado quimicamente e desalinhado, usando roupas coladas ao corpo e conforme padrões que não são clínicos: classificada como acima do peso. A apresentadora diz que o cabelo da mulher é crespo, suas roupas são inadequadas e todo o resto está errado. Numa visão afro-perspectivista cabelos não são crespos, muito menos duros ou ruins (coisa que já foi dita por apresentadoras e apresentadores e rolam em várias rodas de conversas). O cabelo da “contemplada” é lanoso, de fios finos e não precisa ser “corrigido”; afinal, propor correção é sugerir que existe um erro. No caso do cabelo, a “contemplada” já teria nascido errada. Essa visão monocultural é descrita como o “bom gosto” e vai sendo impregnada nas espectadoras e espectadores como o melhor modo de usar o cabelo, sugerindo que se trata de uma “escolha”. A indústria do alisamento é indissociável do projeto supremacista branco que define a beleza a partir de referenciais europeus. Com os trajes se dá o mesmo, numa sociedade multicultural, a indústria da moda continua marginalizando vestuários de matrizes africanas e indígenas. Numa sociedade multicultural, intercultural e de vasta diversidade etnicorracial, a eleição de alguns tipos de vestimentas étnicas como as mais chiques e apropriadas é de se estranhar. Porque além de ser restritivo, parece revelar um projeto de busca de hegemonia branca e manutenção da invisibilidade das culturas não-européias.  Por conseguinte, a obrigatoriedade dissimulada que institui o terno e gravata como o melhor para vestir os homens em ocasiões especiais, tal como negócios e casórios é um belo exemplo de intolerância – uma das faces do racismo.

É preciso cultivar a efetiva diversidade etnicorracial. O que passa pelo uso do cabelo de fio fino ou lanoso sem processamento, uso e abuso de tecidos africanos, turbantes, batas e todos os acessórios possíveis assentados nas raízes africanas. Paralelamente, a violência simbólica da celebração contínua e renitente do branqueamento e europeização como se fossem padrões chiques precisa ser combatida. Não se trata de nada além de buscar a contemplação da verdadeira composição da sociedade brasileira. Os dados do IBGE de 2007 apontavam, naquela época, que a população negra (pretos e pardos) representava 50,6% do total de habitantes do território nacional; mas, segue sendo subrepresentada nos meios de comunicação e tendo seu fenótipo desclassificado. Basta ler rótulos de shampoos “étnicos” que dizem: “para cabelos rebeldes e sem vida”.  Uma ressalva, por que brancas e brancos não seriam étnicos? Com efeito, não é possível que a indústria da beleza continue fingindo que o Brasil é de maioria branca, o que, se fosse o caso, também não justificaria a invisibilidade e subalternização das estéticas negras. É preciso imprimir uma afro-perspectividade na indústria da beleza, positivando, glamourizando e naturalizando os diversos tipos de beleza negra, passando pela maquiagem, valorização do cabelo lanoso e uso de roupas africanas. Do contrário, as perversas ofensivas do racismo permanecem fazendo milhões de vítimas diariamente. Por isso se me questionam, como se deve ir para rodas de bambas? Pergunto e respondo. Com que roupa eu vou?!  Bubu, cordão feito de búzios de Benin e sandálias de griot.

Fonte: Coluna Afro-Perspectivas Filosóficas

Racistas controlam a revista Veja


Altamiro Borges

Na sua penúltima edição, a revista Veja estampou na capa a foto de uma mulher negra, título de eleitor na mão e a manchete espalhafatosa: “Ela pode decidir a eleição”. A chamada de capa ainda trazia a maldosa descrição: “Nordestina, 27 anos, educação média, R$ 450 por mês, Gilmara Cerqueira retrata o eleitor que será o fiel da balança em outubro”. O intuito evidente da capa e da reportagem interna era o de estimular o preconceito de classe contra o presidente Lula, franco favorito nas pesquisas eleitorais entre a população mais carente. A edição não destoava de tantas outras, nas quais esta publicação da Editora Abril assume abertamente o papel de palanque da oposição de direita e destina veneno de nítido conteúdo fascistóide.

Agora, o escritor Renato Pompeu dá novos elementos que apimentam a discussão sobre a linha editorial racista desta revista. No artigo “A Abril e o apartheid”, publicado na revista Caros Amigos que está nas bancas, ele informa que “o grupo de mídia sul-africano Naspers adquiriu 30% do capital acionário da Editora Abril, que detém 54% do mercado brasileiro de revistas e 58% das rendas de anúncios em revistas no país. Para tanto, pagou 422 milhões de dólares. A notícia é de maio e foi publicada nos principais órgãos da mídia grande do Brasil. Mas não foi dada a devida atenção ao fato de a Naspers ter sido um dos esteios do regime do apartheid na África do Sul e ter prosperado com a segregação racial”.

Líderes da segregação racial

A Naspers tem sua origem em 1915, quando surgiu com o nome de Nasionale Pers, um grupo nacionalista africâner (a denominação dos sul-africanos de origem holandesa, também conhecidos como bôeres, que foram derrotados pela Grã-Bretanha na guerra que terminou em 1902). Este agrupamento lançou o jornal diário Die Burger, que até hoje é líder de mercado no país. Durante décadas, o grupo, que passou a editar revistas e livros, esteve estreitamente vinculado ao Partido Nacional, a organização partidária das elites africâneres que legalizou o detestável e criminoso regime do apartheid no pós-Segunda Guerra Mundial.

Como relata Renato Pompeu, “dos quadros da Naspers saíram os três primeiros-ministros do apartheid”. O primeiro diretor do Die Burger foi D.F. Malan, que comandou o governo da África do Sul de 1948 a 1954 e lançou as bases legais da segregação racial. Já os líderes do Partido Nacional H.F. Verwoerd e P.W. Botha participaram do Conselho de Administração da Naspers. Verwoerd, que quando estudante na Alemanha teve ligações com os nazistas, consolidou o regime do apartheid, a que deu feição definitiva em seu governo, iniciado em 1958. Durante a sua gestão ocorreram o massacre de Sharpeville, a proibição do Congresso Nacional Africano (que hoje governa o país) e a prolongada condenação de Nelson Mandela.

Já P. Botha sustentou o apartheid como primeiro-ministro, de 1978 a 1984, e depois como presidente, até 1989. “Ele argumentava, junto ao governo dos Estados Unidos, que o apartheid era necessário para conter o comunismo em Angola e Moçambique, países vizinhos. Reforçou militarmente a África do Sul e pediu a colaboração de Israel para desenvolver a bomba atômica. Ordenou a intervenção de forças especiais sul-africanas na Namíbia e em Angola”. Durante seu longo governo, a resistência negra na África do Sul, que cresceu, adquiriu maior radicalidade e conquistou a solidariedade internacional, foi cruelmente reprimida – como tão bem retrata o filme “Um grito de liberdade”, do diretor inglês Richard Attenborough (1987).

Os tentáculos do apartheid

Renato Pompeu não perdoa a papel nefasto da Naspers. “Com a ajuda dos governos do apartheid, dos quais suas publicação foram porta-vozes oficiosos, ela evoluiu para se tornar o maior conglomerado da mídia imprensa e eletrônica da África, onde atua em dezenas de países, tendo estendido também as suas atividades para nações como Hungria, Grécia, Índia, China e, agora, para o Brasil. Em setembro de 1997, um total de 127 jornalistas da Naspers pediu desculpas em público pela sua atuação durante o apartheid, em documento dirigido à Comissão da Verdade e da Reconciliação, encabeçada pelo arcebispo Desmond Tutu. Mas se tratava de empregados, embora alguns tivessem cargos de direção de jornais e revistas. A própria Naspers, entretanto, jamais pediu perdão por suas ligações com o apartheid”.

Segundo documentos divulgados pela própria Naspers, em 31 de dezembro de 2005, a Editora Abril tinha uma dívida liquida de aproximadamente US$ 500 milhões, com a família Civita detendo 86,2% das ações e o grupo estadunidense Capital International, 13,8%. A Naspers adquiriu em maio último todas as ações da empresa ianque, por US$ 177 milhões, mais US$ 86 milhões em ações da família Civita e outros US$ 159 milhões em papéis lançados pela Abril. “Com isso, a Naspers ficou com 30% do capital. O dinheiro injetado, segundo ela, serviria para pagar a maior parte das dividas da editora”. Isto comprova que o poder deste conglomerado, que cresceu com a segregação racial, é hoje enorme e assustador na mídia brasileira.

Os interesses alienígenas

Mas as relações alienígenas da revista Veja não são recentes nem se dão apenas com os racistas da África do Sul. Até recentemente, ela sofria forte influência na sua linha editorial das corporações dos EUA. A Capital International, terceiro maior grupo gestor de fundos de investimentos desta potência imperialista, tinha dois prepostos no Conselho de Administração do Grupo Abril – Willian Parker e Guilherme Lins. Em julho de 2004, esta agência de especulação financeira havia adquirido 13,8% das ações da Abril, numa operação viabilizada por uma emenda constitucional sancionada por FHC em 2002.

A Editora Abril também têm vínculos com a Cisneros Group, holding controlada por Gustavo Cisneros, um dos principais mentores do frustrado golpe midiático contra o presidente Hugo Chávez, em abril de 2002. O inimigo declarado do líder venezuelano é proprietário de um império que congrega 75 empresas no setor da mídia, espalhadas pela América do Sul, EUA, Canadá, Espanha e Portugal. Segundo Gustavo Barreto, pesquisador da UFRJ, as primeiras parcerias da Abril com Cisneros datam de 1995 em torno das transmissões via satélites. O grupo também é sócio da DirecTV, que já teve presença acionária da Abril. Desde 2000, os dois grupos se tornaram sócios na empresa resultante da fusão entre AOL e Time Warner.

Ainda segundo Gustavo Barreto, “a Editora Abril possui relações com instituições financeiras como o Banco Safra e a norte-americana JP Morgan – a mesma que calcula o chamado ‘risco-país’, índice que designa o risco que os investidores correm quando investem no Brasil. Em outras palavras, ela expressa a percepção do investidor estrangeiro sobre a capacidade deste país ‘honrar’ os seus compromissos. Estas e outras instituições financeiras de peso são os debenturistas – detentores das debêntures (títulos da dívida) – da Editora Abril e de seu principal produto jornalístico. Em suma, responsáveis pela reestruturação da editora que publica a revista com linha editorial fortemente pró-mercado e anti-movimentos sociais”.

Um ninho de tucanos

Além de ser controlada por grupos estrangeiros, a Veja mantém relações estreitas com o PSDB, que é o núcleo orgânico do capital rentista, e com o PFL, que representa a velha oligarquia conservadora. Emílio Carazzai, por exemplo, que hoje exerce a função de vice-presidente de Finanças do Grupo Abril, foi presidente da Caixa Econômica Federal no governo FHC. Outra tucana influente na família Civita, dona do Grupo Abril, é Claudia Costin, ministra de FHC responsável pela demissão de servidores públicos, ex-secretária de Cultura no governo de Geraldo Alckmin e atual vice-presidente da Fundação Victor Civita.

Não é para menos que a Editora Abril sempre privilegiou os políticos tucanos. Afora os possíveis apoios “não contabilizados”, que só uma rigorosa auditoria da Justiça Eleitoral poderia provar, nas eleições de 2002, ela doou R$ 50,7 mil a dois candidatos do PSDB. O deputado federal Alberto Goldman, hoje um vestal da ética, recebeu R$ 34,9 mil da influente família; já o deputado Aloysio Nunes, ex-ministro de FHC, foi agraciado com R$ 15,8 mil. Ela também depositou R$ 303 mil na conta da DNA Propaganda, a famosa empresa de Marcos Valério que inaugurou um ilícito esquema de financiamento eleitoral para Eduardo Azeredo, ex-presidente do PSDB. Estes e outros “segredinhos” da Editora Abril ajudam a entender a linha editorial racista da revista Veja e a sua postura de opositora radical do governo Lula.

Altamiro Borges é jornalista, editor da revista Debate Sindical e autor do livro “As encruzilhadas do sindicalismo” (Editora Anita Garibaldi, 2ª edição).

O feminismo negro e a outra "universalização" das mulheres


Somos descritas como aquela “submulher” que serve de oposição ao ideal do descendente europeu de “fêmea fria”.  A bunda grande em oposição ao seio farto. Porém, ainda assim, seja como bunda ou seio, nossa condição de objeto sexual é uma elaboração complementar do corpo feminino como propriedade masculina.  Segundo Sueli Carneiro existe nas Américas uma condição histórica que determina “a relação de coisificação dos negros em geral e das mulheres negras em particular”. A condição binária do estupro e da prostituição, ou seja, “a apropriação social das mulheres do grupo derrotado” é um dos fatores primordiais do patriarcado, e foi através destas duas condições que se construiu a hipersexualização da mulher negra. 

Drª Sueli Carneiro

Como ideologia somente, o mito sexual da mulher negra não se sustenta sem a divisão econômica e racial que atravessa toda a questão citada acima, na burguesia, a sexualidade não encontra a mesma dupla moral imposta às classes populares. O permitido (prostituição simbólica e naturalização da violência sexual sobre as mulheres negras) e o proibido (castração da sexualidade branca) encontram-se complementares, apesar de opostos, pois é a contradição sustentada sobre as mulheres que mascara a opressão sexual de gênero na qual somos todas, objeto de manipulação masculina. 


No fundo a coisificação hipersexual da mulher negra é uma evoluida variação da histórica exploração sexual das mulheres imposta pelo patriarcado, pois evita os gastos da prostituição instituida e faz com que os homens não incorram na punição designada pelo ato estupro.  Como escreveu Sueli Carneiro:

“Enegrecer o movimento feminista brasileiro tem significado, concretamente, demarcar e instituir na agenda do movimento de mulheres o peso que a questão racial tem na configuração, por exemplo, das políticas demográficas, na caracterização da questão da violência contra a mulher pela introdução do conceito de violência racial como aspecto determinante das formas de violência sofridas por metade da população feminina do país que não é branca; introduzir a discussão sobre as doenças étnicas/raciais ou as doenças com maior incidência sobre a população negra como questões fundamentais na formulação de políticas públicas na área de saúde; instituir a crítica aos mecanismos de seleção no mercado de trabalho como a boa aparência, que mantém as desigualdades e os privilégios entre as mulheres brancas e negras. (...) A utopia que hoje perseguimos consiste em buscar um atalho entre uma negritude redutora da dimensão humana e a universalidade ocidental hegemônica que anula a diversidade. Ser negro sem ser somente negro, ser mulher sem ser somente mulher, ser mulher negra sem ser somente mulher negra. Alcançar a igualdade de direitos é converter-se em um ser humano pleno e cheio de possibilidades e oportunidades para além de sua condição de raça e de gênero. Esse é o sentido final dessa luta. 

http://esperanca-garcia.blogspot.com/2011/11/dificil- condicao-sexual-da-mulher-negra.html

Mulheres negras na luta contra a desigualdade racial e de gênero

Durante uma reunião de alto nível realizada no âmbito da 66º Assembléia Geral da ONU, em 22 de setembro, os líderes mundiais adotaram uma declaração reafirmando seu compromisso com a implementação efetiva da Declaração e do Programa de Ação de Durban, como uma plataforma completa e sólida para combater o racismo, discriminação racial, xenofobia e intolerância.
No continente americano existem cerca de 200 milhões de pessoas que se reconhecem como afrodescendentes. Outros milhões vivem nas demais partes do mundo, fora da África. A Declaração de Durban, que celebra seu décimo aniversário em 2011, reconhece a população negra como vítima da discriminação racial, cuja origen se remete ao comércio de escravos. Estes dez anos de vigência proporcionam uma boa oportunidade para renovar o compromisso das Nações Unidas e da sociedade em geral na luta contra o racismo e a discriminação racial. A Declaração que reafirma o compromisso, assinada na 66º Assembléia Geral da ONU, é um evento que encerra o Ano Internacional dos Afrodescendentes e serve para lembrar das vítimas que foram identificadas na Declaração, além de dar um novo impulso à luta e a prevenção da discriminação racial em todas as suas manifestações.


Mudanças na sociedade global

O Brasil é o segundo país no mundo com a maior população negra – 95 milhões de afrodescendentes – o que não impede a existencia de sinais alarmantes de racismo e sexismo. Assim como em outros locais, as mulheres negras continuam a enfrentar obstáculos para alcançar representatividade em órgãos públicos e privados. Por exemplo, a presença de mulheres negras em cargos de direção nas empresas é muito pequena: apenas 0,5% estão no executivo, 2% na gerência, 5% na supervisão e 9% nas áreas funcionais, de acordo com o estudo do Instituto Ethos 2010.


Ao longo destes 10 anos, a ONU Mulheres apoiaou a organização política das mulheres negras. Um exemplo é o Grupo de Mulheres Negras Brasileiras, formado após a Conferência de Durban em 2001. Lúcia Xavier, uma das ativistas brasileiras participantes da Conferência, chama a atenção para a relação perversa que liga o racismo ao sexismo: "Nosso desafio como movimento de mulheres negras pode ser considerado pequeno em relação à luta que enfrentamos diariamente contra o racismo, o sexismo e a exclusão social. Temos direito a uma vida plena, desfrutar de uma democracia inclusiva e direitos sociais. A sociedade tem que mudar".


Empoderamento das mulheres negras


A ONU Mulheres vem investindo desde 2006 no empoderamento de mulheres negras através de um programa para incorporar as dimensões de gênero, raça e etnia em programas de combate à pobreza na Bolívia, Brasil, Guatemala e Paraguai, financiado pela AECID (Agência Espanhola de Cooperação Internacional e Desenvolvimento). A iniciativa visa incluir as perspectivas de gênero, raça e etnia nas ações governamentais e não governamentais para a redução da pobreza e da discriminação, da produção de dados desagregados sobre gênero e raça e incidência política das mulheres.
De acordo com Dorotea Wilson, coordenadora geral da Rede de Mulheres Afro-Latinoamericanas, Afro-Caribenhas e da Diáspora, “através dos fóruns de preparação para a Conferência de Durban, fomos capazes de nos unirmos com outras redes mulheres no continente e articular esforços conjuntos”. Na estratégia para combater o racismo, a Rede destaca as parcerias com outros movimentos sociais, a implementação do Programa de Ação de Durban e o aumento da participação da juventude no movimento de mulheres negras. “Estamos conduzindo o processo de articulação para a implementação do Plano de Durban, a inclusão da variável étnicorracial nos censos e a construção da Convenção Interamericana contra a Discriminação Racial e Todas as Formas de Intolerância, na Organização dos Estados Americanos", conclui Dorotea Wilson.


Assista os vídeos relacionados :

Cono Sur: Derechos Económicos para las Mujeres (Parte 1)
http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=-iJ0HCYOGAM


Brasil - Serie "Trabajo Domestico, Trabajo Decente

Afrocensos Uruguay 

Estatuto da Igualdade Racial: o debate que não houve


Por Jaqueline Lima Santos

Encontramos, no Movimento Negro, há alguns anos, diferentes posturas sobre o texto, tantas vezes alterado, para implementação desta lei.
Apresentado em 2005 pelo Senador Paulo Paim, a lei 6.264/05 tinha como objetivo geral "garantir à população negra a efetivação da igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos étnico-raciais individuais, coletivos e difusos e o combate à discriminação e às demais formas de intolerância étnico-racial". Ao longo desses cinco anos, uma série de alterações foram realizadas no texto original, provenientes de acordos e negociações entre as forças presentes no legislativo brasileiro, retrocedendo frente às reivindicações do Movimento Negro, estas construídas em encontros, congressos, seminários e conferências.
Inicialmente, a crítica maior é de que o Estatuto tem um caráter autorizativo, sem o poder de imposição legislativa, ou seja, não obriga o Estado Brasileiro, em todas as suas instâncias, a implementar os pontos nele apresentado. Outra crítica é a de que não havia nenhum recurso direcionado para a implementação do mesmo, logo, um Estatuto autorizativo, sem verba, seria implementado como? Se o Estado lhe garante o status de facultativo, e não direciona nenhum recurso para sua implementação, o Estatuto se configura, parafraseando Reginaldo Bispo, como a nova Lei Áurea, não muda nada, e continuamos reféns do racismo institucional, preconceitos, discriminações e da ausência de políticas específicas que atendam nossas demandas.
O debate que não houve, sobre esse estatuto, foi com a sociedade civil. O Estatuto não foi discutido em audiências públicas, e pouco se levou em consideração os documentos retirados em conferências, congressos e seminários de organizações do movimento negro sobre o mesmo, isto é, quando as organizações se propuseram a discutir o documento em questão, pois esse debate ficou esvaziado dentro desses próprios grupos, como se o Estatuto, independente do seu texto, trouxesse grandes avanços para nós, negras e negros. Muitos defendem o Estatuto sem ao menos conhecê-lo na íntegra, acompanhar o debate que está sendo travado em torno do mesmo, simplesmente por carregar o nome "Estatuto da Igualdade Racial". Ainda há uma alienação coletiva do processo.
O MNU (Movimento Negro Unificado), como resolução de Congresso Nacional, propôs na II Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CONAPIR), e em debates públicos, a retirada desse Estatuto para que este fosse debatido pelos setores do movimento negro e sociedade civil, e posteriormente fosse apresentado ao Estado brasileiro. Esta proposta dividiu a delegação da II Conferência, que mesmo votando a favor do Estatuto, se posicionou contra as negociações partidárias que tirassem da pauta direitos reivindicados por negras e negros. Nossa organização tem travado um debate crítico sobre o Estatuto a mais de três anos, sem recuar em nossas reivindicações históricas e nos negamos a abrir mão dos nossos direitos, nos recusamos a trocá-los por migalhas.
Mesmo estes e outros problemas sendo levantados, o Estatuto, ao invés de avançar, levando em consideração os apontamentos trazidos por alguns setores movimento negro, retrocede novamente. Isto mostra como as vozes que ainda tem força na sociedade brasileira são as vozes das elites brancas, isto porque, nós negros, neste campo, não temos o direito de decidir sobre o nosso próprio futuro, e as políticas de Estado que são direcionadas para o nosso segmento ainda depende dos "superiores" sobre o que é o mais importante para nós, dou exemplos para esta afirmativa.
O Estatuto da Igualdade Racial aprovado no dia 16 de junho de 2010, fruto do acordo entre os DEMOcratas e a SEPPIR, esta ultima responsável pela Conferência Nacional de Políticas para a Promoção da Igualdade Racial, espaço onde delegadas e delegados de todo o Brasil se manifestaram contra a retirada de direitos reivindicados historicamente pela população negra do Estatuto, teve como suprimidos pontos referentes as ações afirmativas, identidade, direitos dos quilombolas e saúde da população negra. Segundo Reginaldo Bispo "o projeto diz não a titulação das áreas quilombolas, a cota no serviço publico, nas universidades, nas legendas partidárias. Não ao auto-reconhecimento identitário. Proíbe que doenças com maior incidência em negros, sejam consideradas assim (...)".
Para Jurema Werneck as mudanças no capítulo de saúde do Estatuto e a supressão quesito cor no atendimento do SUS desrespeitam deliberações construídas em espaços de democracia participativa, como o Conselho Nacional de Saúde, e ignora uma série de conquistas históricas no campo da saúde, além de prejudicar diretamente a população negra. Ignora as especificidades e os dados estatísticos que trazem a tona a vulnerabilidade e risco social que este segmento está submetido, o que contribuiu para o reconhecimento da necessidade de um atendimento específico para esta parcela da população. Logo concluí que "o Estatuto faz mal para a saúde da população negra, ao Sistema Único de Saúde, e à sociedade brasileira".

Frei Leandro, integrante da Educafro, considera este Estatuto "capenga, descaracterizado em sua origem e sem forças políticas para o movimento negro brasileiro. Com efeito, a aprovação satisfez as posturas conservadoras de algumas entidades negras. Porém, na verdade, o que foi aprovado foi um Estatuto do Senador Demóstenes Torres (DEM - GO) que fez descer goela a dentro um texto que, político e ideologicamente, representa o Partido Democratas, corado por seu conservadorismo e atraso social".


Guacira Cesar de Oliveira apresenta os argumentos do setor conservador que defende as alterações no Estatuto: "o estatuto vai racializar a sociedade brasileira, como se a idéia de raça, da superioridade branca e inferioridade negra não tivesse fundado o Brasil desde a colônia; não existe racismo no Brasil, como se quem vive o racismo na pele, na verdade estivesse sofrendo delírios; as quotas vão racializar a sociedade brasileira e gerar confrontos que hoje não existem, como se o assassinato de jovens negros pela polícia nesse país fosse uma peça de ficção". Estes argumentos, segundo ela, se contradizem com a realidade colocada, em que o racismo se expressam em dados de exclusão, preconceito e discriminação.

Hoje, anos depois, o Estatuto é colocado no centro do debate das redes do movimento negro. Alguns celebram, outros lamentam.
Edna Roland defende que não há mais negociações, e que o Estatuto de Demóstenes viola uma série e Convenções, Declarações e Documentos em que o Estado brasileiro assinou, e logo teria o compromisso de combater o racismo em forma de discriminação e preconceito, além de promover políticas de promoção da igualdade racial. Para Edna Roland, o Senador Demóstenes nega as contradições sociais produzidas pela escravidão e, ao substituir palavras como "derivadas da escravidão" do Estatuto, ao afirmar que no Brasil não há discriminação por causa da cor, ao defender a meritocracia, mutilou um projeto original construído pelo Senador Paulo Paim. Ela afirma também que é "impossível para o relator manter a coerência: não ousou retirar o Racial do nome do Estatuto, nem pode eliminar tais palavras dos conceitos discriminação racial ou étnico-racial, e desigualdade racial, mas pretende eliminar do conteúdo de tais conceitos.  Assim, o Senador Demóstenes Torres, se arvora o direito de mutilar não apenas o projeto do Estatuto, mas também a própria Convenção Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial: para ele raça não é um fator com base no qual ocorra a discriminação racial, já que ele insiste em utilizar uma definição genética de raça e geneticamente raça não existe.
Para ser coerente, o Senador deve propor o veto integral ao projeto, pois se trataria, segundo ele, de um projeto acerca de algo que não existe". Com isso, ela conclui afirmando que estamos por nossa própria conta, e que "não podemos esperar nada de um Senador da República com a mentalidade de um senhor de escravos: segundo ele qualquer política que promova a igualdade no mercado de trabalho vai produzir rancor dos que vão perder os seus privilégios e portanto não devem ser aprovadas", e que é preciso relembrar Palmares, se a história já mostrou o que deu certo, "há momentos em que somente a derrota pode nos salvar".

Segundo Onir de Araújo, membro do GT quilombola do MNU-RS, o Estado brasileiro, desde a conquista da Constituição de 1988, não cumpriu o seu papel de entregar os devidos títulos as terras quilombolas, e o Estatuto de Demóstenes, ao retirar o direito à titulação das terras quilombolas do texto original, marca a posição da bancada ruralista e reforça a ADI 3239 dos DEMOcratas, que defende os interesses dos grandes latifundiários e viola os direitos das comunidades quilombolas, ameaçando-as de perderem o direito a titulação de seus territórios. Não foi a toa que elegeram tal Senador para ser o relator desse projeto lei.
O propositor das alterações, Demóstenes Torres, é o mesmo que nas audiências públicas sobre cotas no STF, em março deste ano, negou as mazelas da escravidão brasileira e afirmou que as mulheres negras consentiram com os estupros dos quais foram vítimas de senhores brancos no período da colonização, utilizando este argumento para, mais uma vez, afirmar que nós constituímos uma harmonia racial, sem contradições e correlações de força. No caso do Brasil, por exemplo, a miscigenação não significou a ausência de racismo, mas a causa de uma racismo diferente, que envolve uma discussão sobre raça e sexualidade. A miscigenação ainda hoje é glorificada como exemplo da nossa "democracia racial", utilizada para justificar a existência de uma harmonia entre a Casa Grande e a Senzala, como dizia Gilberto Freire em seus escritos. O que não é levado em consideração é a violência pela qual foram expostas milhares de mulheres negras diante do sistema colonial, desconsidera-se os atos de violência sexual, estupros em detrimento do discurso de que não temos conflitos raciais e que somos um povo misturado.
Nós, negras e negros, que devemos ser os propositores, temos que ser protagonistas das nossas próprias histórias. Até quando teremos que ter nossas vozes caladas pelas vozes da elite branca, ou teremos que falar pelas vozes das elites brancas? Temos nossos próprios enunciados, e estes devem ser levados em consideração. Porém, nosso debate sobre esse Estatuto ainda está esvaziado.
No Brasil fala-se tanto da democracia participativa, da importância dos Conselhos e Conferências como forma de exercer o controle social sobre o Estado, mas diante desta questão eu me pergunto: quem tem exercido o controle social, a sociedade civil ou o Estado? Como afirma Silvany Euclênio, "fomos traídas e traídos".
Há quem jogue a culpa do fracasso do Estatuto nos críticos que colocaram os problemas desta lei em debate, defendendo que deveríamos ir para o Congresso Nacional pressionar os parlamentares para que a nossa pauta seja atendida. Ora, já fomos para conferências, congressos, seminários, organizamos marchas e caravanas, ajudamos a eleger uma série de parlamentares, e mesmo assim houve quem tentou esvaziar o debate crítico, e hoje temos esse Estatuto, fomos traídas e traídos. Não existe mais negociação, o Estado, a SEPPIR, o DEM e os adesistas desse Estatuto passaram por cima da democracia participativa.
Vamos aderir a Mobilização Nacional para que o Presidente Lula não sancione o Estatuto do Demóstenes e da SEPPIR.


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Mulher, negra e pobre, venci na vida

Driblei o destino que me era dado como certo, abri meu próprio negócio e saí da favela

Conteúdo do site MdeMulher
Só tenho a agradecer. Sou uma
pessoa realizada!



Nasci numa família de cinco irmãos, na favela do Jardim Maria Estela, em São Paulo. Meu pai era pedreiro e minha mãe empregada doméstica. Cresci vendo os dois se matarem de trabalhar sem construir nada. Minha mãe é uma lutadora, eu sempre quis ter a força dela, mas não o mesmo destino.

As minhas amigas, como quase todo mundo que vive na favela, não tinham perspectiva de vida e com 14 anos já estavam grávidas, trabalhando como faxineiras e babás, coisas que pra mim eu não admitia. Elas me julgavam prepotente, riam de mim. "Você sonha demais. O mundo nem olha pra gente. Acorda!" Mas eu sabia que podia. Decidi contrariar todas as estatísticas e mudar o meu destino.
Perdi empregos por ser favelada 

Sempre estudei em escola pública e, aos 14 anos, fiz um curso técnico administrativo para poder trabalhar. Passei em um teste em um escritório de contabilidade, então trabalhava durante o dia e estudava à noite. Nos finais de semana distribuía panfletos nos semáforos.

Mesmo com dois empregos o dinheiro não dava. Então fiz um curso de contabilidade pra ganhar mais. O curso era particular, mas consegui pagar. Formada, fui procurar empregos melhores. Eu tinha 19 anos e participei de seleções em duas grandes empresas financeiras. Como o contador lida com muito dinheiro, é comum que os avaliadores visitem a casa dos candidatos pra saber se moram em locais que ofereçam riscos à empresa.

Na primeira seleção cheguei até a reta final, mas, quando disse à psicóloga que morava na favela, ela explicou que a empresa não poderia me admitir. Não desisti. Nem mesmo quando a mesma coisa aconteceu em outra seleção, de um jeito velado. Dizem que o negro é quem mais sofre preconceito, mas favelado sofre ainda mais. Naquela época aceitei a minha condição resignada. Eu achava que favelado não tinha direitos. Se fosse hoje, teria rodado a baiana.

Saí da empresa e abri meu próprio negócio
Por ter sido vítima de preconceito a vida inteira, sempre tive vontade de fazer o curso de direito para conhecer as leis. Fui atrás de bolsas e segui em frente.

No segundo ano da faculdade, em 1999, arrumei trabalho em um escritório. Para complementar o orçamento, atendia alguns clientes em casa. Quando acumulei uns dez clientes, vi que ganhava com eles mais ou menos o meu salário no escritório. Então resolvi trabalhar só em casa.

Meu namorado era funcionário de uma empresa que precisava de serviços contábeis e me indicou. Ao fecharmos negócio, tive coragem de alugar uma sala. Só uma amiga, a Carla, fazia as vezes de funcionária.

Comprei um computador à prestação e, como não tinha dinheiro pra linha telefônica, a gente usava telefone público. Dividíamos a mesma sala e comíamos a marmita de casa. Até serviço de office-girl a gente fazia! O negócio foi dando certo e o escritório cresceu. Aluguei uma sala ao lado, contratei a Carla e outros funcionários e comprei mais dois computadores. Quatro anos depois, em 2003, ano da minha formatura na faculdade de direito, vim para o meu atual escritório.

Hoje tenho 150 clientes e oito funcionários. O escritório fatura R$ 20 mil por mês, bem mais do que os R$ 1 mil que eu ganhava trabalhando para os outros. Tenho um carro já quitado e casa própria financiada.

Meu negócio deu tão certo que fui a segunda colocada no Prêmio Mulher Empreendedora do Sebrae, com certeza uma das maiores emoções da minha vida. Foi o reconhecimento do meu esforço. Agora só falta eu terminar a pós-graduação em direito processual civil para começar o meu mestrado e realizar mais um sonho, o de dar aula. Mas isso fica pra uma outra história.

Minhas dicas para prosperar
• Não tenha preguiça. É preciso começar de baixo, sem prepotência ou arrogância.

• Abra mão do que não é essencial. Qualquer empresa demora um tempo pra dar lucro.

• Veja qual aptidão você tem e invista nela.

• Atualize-se sempre!

• Enquanto é empregado, cative seus clientes. Com certeza eles o seguirão pra onde você for.

• Não trate o cliente como um número e sim como uma pessoa. Saiba o nome, os gostos, trate como um velho conhecido. Assim ele vai pensar duas vezes antes de contratar o serviço de outra empresa.

http://mdemulher.abril.com.br/carreira-dinheiro/reportagem/carreira/mulher-negra-pobre-venci-vida-396071.shtml

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS - MÓDULO 3



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No Brasil machista, demorou para o homem negro ser consagrado como símbolo sexual do país, a exemplo das mulatas. Agora, ele é a bola da vez, o príncipe das fantasias femininas. Nesta reportagem, cinco negros bonitos e charmosos falam de assédio e racismo e mostram o outro lado desta questão.
Por Lina de Albuquerque

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O estigma da sensualidade, que há tanto tempo persegue negras e mulatas, agora colou no outro gênero. A consagração do homem negro avança dos campos de futebol e do samba para o cinema, a música, a publicidade. Ícones da beleza negra masculina como os cantores Tony Garrido, Alexandre Pires e Netinho são só a ponta aparente de um fenômeno que estimula a libido feminina e salta a fronteira racial: quem levanta a bola são as mulheres brancas.

Não que qualquer negro seja alvo da tietagem. O símbolo sexual tem que ter os atributos do estereótipo do "negão": tipo físico privilegiado, sensual, bem sucedido, famoso -o negro comum continua invisível. "Num país de racismo velado como o Brasil, o negro só tem visibilidade se oferece algum estranhamento. Ou é o pagodeiro que tem carro, ou o artista que viaja de avião", diz Edson Montenegro, apresentador do programa "Zoom", da TV Cultura.
Nem todos os negros festejam. "Muitas mulheres ouviram falar dos atributos sexuais dos negros e querem experimentar algo diferente. Como se fumassem uma maconhazinha escondido", compara o cantor e bailarino Bukassa Kabengele. Ele não se diz interessado em representar o papel do "negão" consagrado em letras de pagode como a de "Os Morenos": "Lá vem o negão, cheio de paixão, te catar, te catar (...)".

A percepção que muitas mulheres brancas estão tendo de homens negros -e a falta de percepção, por parte de alguns deles, do que representam- é tema de reuniões da Associação Afro-Brasileira Ogban, de São Paulo. "A maioria não se dá conta de que certas brancas se aproximam movidas por fantasias como a de que o negro é bem dotado", sinaliza a pesquisadora Berenice Assumpção Kikuchi, da Ogban. Uma das consequências disso é que a mulher negra está ficando sozinha e, segundo a pesquisadora, continua procurada por brancos apenas para relações de caráter eventual.
"Não escolho uma mulher pela cor. Escolho pelo cheiro, pelo astral"
Gil de Souza, 22 anos, estudante de ciências sociais
Se até hoje vi dez negros no corredor da PUC, foi muito. Sou o único negro da minha classe. Pelo menos dois professores me tratam diferente, mesmo num curso como o de ciências sociais. Olham para o meu cabelo 'dreadlock', imaginam que sou vagabundo.

Meus amigos podem me chamar de qualquer coisa, que eu não me incomodo. Entre amigos negros, então, a relação costuma ser mais direta, fazemos até piada: 'se enxerga, seu pretinho pé rapado'. Mas se algum estranho me chamar de neguinho, negão, crioulo, eu não gosto.

Sabe que até os mendigos que dormem no pátio de um supermercado perto de casa se sentem no direito de me tratar de forma íntima? Eles já chegam com: 'E aí, mano?' Se eu fosse branco, a abordagem seria diferente.

Durante dois anos, namorei uma loira. Um amor intenso, recíproco. Ela dormia em casa, mas minha mãe questionava a forma como eu estava sendo tratado. O pai dela era totalmente contra. 'Pô, ele é negro, então já sabe. É pobre, não tem futuro'. Eu ia buscá-la em casa e a mãe nunca me convidava para entrar. Fiquei traumatizado.

Quando o namoro acabou passei por uma fase em que me afastei das garotas. Ainda não tinha noção de que era um cara bonito. Hoje, quando falam que eu me produzo, uso roupas diferentes e tenho um visual de classe média, lembro da minha origem. Minha mãe era uma cozinheira que batalhou sozinha para sustentar sete filhos. As coisas não foram assim tão fáceis.
Eu percebia que às vezes me aconteciam coisas esquisitas. Uma vez, eu trabalhava de barman em uma festa e uma loira me puxou pela mão. Ela queria desfilar comigo, me exibir: 'Olha só o negão que consegui'. Eu me senti totalmente incomodado. Outra vez conheci uma francesa e logo pensei: 'essa aí está a fim de dar porque eu sou negro. Ok, então vamos brincar um pouco'. Só que acabei sacando que não era só isso e tivemos um namoro de seis meses.

Não escolho uma mulher pela cor, escolho pelo cheiro, pelo astral. A minha atual namorada é uma morena incrível e a família dela me adora. Também namorei duas negras. Mas não suporto esse tipo de pagode que faz o marketing do negão gostoso. Nesse caso, é o próprio negro que está se mostrando vulgar". 
"Esse papo de atração entre negros e brancas é uma tremenda bobagem"
Bukassa Kabengele, 29 anos, cantor e bailarino
"Eu acordo e vou dormir todos os dias tendo consciência de que sou negro. Vivo num grande estado de alerta. Já fui parado pela polícia mais de 30 vezes; toda vez que boto o pé na rua tenho que levar documento. Com 12 anos, um guarda me apontou uma metralhadora quando eu estava saindo da padaria. 'O que você está levando aí?' Era um litro de leite que acabava de comprar.
Enfrento este tipo de preconceito desde que mudei do Zaire [atual Congo] para o Brasil, há 19 anos. Vim para cá com quatro irmãos. Meu pai tinha ficado viúvo e fazia doutorado em antropologia na Universidade de São Paulo, na USP. Ele conheceu e acabou se casando pela segunda vez com uma psicóloga branca.
O meu quinto irmão nasceu no Brasil e hoje estuda ciências sociais na Unicamp. Tenho outro irmão desenhista e um atleta. Outro formado em filosofia pela USP e um engenheiro que fez FEI.

Todos nós, incluindo a minha 'segunda mãe', enfrentamos um preconceito pesado. Era só entrar num restaurante para todo mundo olhar. Tenho consciência de que o racismo é resultado de uma força econômica que se impõe sobre outra raça. Os efeitos são desemprego, boicote, falta de oportunidade.
É natural que muitos negros procurem se inserir em áreas onde são mais valorizados: no esporte, na música, na dança. O negro tem uma tradição natural de movimentos ligados à dança, aos rituais, o que mexe com a sexualidade das pessoas. A explosão do mercado da música axé em parte se deve a isso. Mas até aí, dizer que o negro só serve para dançar, jogar futebol e ser bom na cama...

Com o tempo, fiquei um pouco mais relaxado com essa questão. Entro em qualquer lugar de cabeça levantada, não tenho complexo. Estudei em ótimos colégios, cantei e dancei em shows de artistas como Marisa Monte e Elba Ramalho. Minha companheira, a atriz e agente cultural Silvana Mantonelli, é branca, morena. Mas esse papo de atração entre negros e brancas é uma tremenda bobagem.
Se tive mais namoradas brancas do que negras foi apenas porque convivi num meio social onde elas predominam. Também já sofri por isso. Uma vez, durante uma turnê, tive um caso com uma produtora italiana que deixou claro que os pais ficariam chocados se descobrissem. Ela era branca, loira, linda. No começo foi uma curtição, mas chegou uma hora em que me cansei de encontrá-la escondido. Pressionei: 'Está na hora de você se resolver com a sua família'. O namoro acabou.

Muitas mulheres acham que ter um negro na cama é o mesmo que fumar uma maconhazinha escondido. Elas ouviram falar dos atributos sexuais dos negros e querem experimentar algo diferente. Só que na hora de assumir socialmente, você não existe".
"A maioria das mulheres só quer saber do negão classudo"
Marcelo Silva, 23 anos, modelo
"Quando eu era moleque e ia nos bailinhos, ficava com a vassoura o tempo todo. Podia varrer a festa inteira, varrer as escadas, ninguém queria dançar comigo. As meninas me chamavam de macaquinho, eu era o único negro da minha turma de Sapobemba. Algumas garotas eram bem diretas ao me rejeitar: 'Ah, se toca seu neguinho feio'. Eu voltava para casa chorando.
Era magrinho, tinha mesmo um cabelinho feio, sabe aquele macarrãozinho? Usava até xampu da minha mãe para dar uma amenizada.

Com uns 16 anos, tive um namorinho com uma branca. Eu me sentia sem moral por ser preto, queria agradar a família, dava tênis para os irmãos dela, levava pizza. Fiquei arrasado quando a vi beijando um loirinho no muro da escola. Um dia, me enchi e jurei para um amigo: 'essa mulherada ainda vai me pagar'. Hoje, não que eu seja metido, elas correm atrás mesmo.

Meus amigos falam: 'quem diria, hein Marcelo, agora você está um negão!' Só que não sou bobo. A maioria das mulheres só quer saber do negão classudo ou do neguinho cheio da grana. É puro interesse. E se eu não fosse bonito, e se eu não saísse na revista? É quase uma troca de favores: a mulher entrega a sua beleza, os seus cabelos loiros, como uma medalha. E o negro oferece o carrão do ano ou o direito de desfilar com ele.
Tenho um monte de amigos negros que se sentem valorizados com uma loira do lado. Entre uma morena com um visual até mais legal e uma loira, eles preferem a loira. As negras, então, perdem mesmo. Eles dizem: 'de negro, basta eu'. As loiras, em geral, é que dão a deixa. A loira não tem meio-termo: ou ela é bonita, ou ela é feia. Oito de dez mulheres que fiquei antes de casar eram loiras. Fiquei com uma única negra, uma modelo. Não sei explicar o fato.
No meu caso, não é uma questão de preferência. Acho que prefiro as morenas, vivo há dois anos com Andrea, que é descendente de índios. Temos um filho mulatinho, Cauê Hudson, de um ano e dois meses.

Com 17 anos comecei a jogar basquete e, aí sim, as brancas passaram a me enxergar. O interesse aumentou depois que entrei para a moda. Mudei de ramo por causa de uma produtora que me convenceu a fotografar. Na verdade, o que pesou foi o meu primeiro cachê: posei para um outdoor e em 20 minutos ganhei o equivalente ao salário de cinco meses como jogador de basquete.
Cortei o cabelo, fiquei careca. Dei certo neste negócio, tenho um biotipo diferente da maior parte dos negros brasileiros, com mais de 1,90 m de altura, um jeitão de americano. Fui influenciado pelo estilo de vida dos jogadores americanos, as músicas, as roupas. Não tenho muito a ver com o tipo do negro que faz samba, gosta de pagode e bebe cerveja. Nem costumo beber por causa do esporte. Faz tempo que deixei de sentir algum tipo de preconceito por ser negro. Hoje tenho um trampo legal, tenho as minhas coisas, freqüento lugares. Mas antes..."
"Fui e continuo sendo assediado por brancas, não me incomodo"
Edson Montenegro, 42 anos, apresentador do programa "Zoom"
"Quando alguns amigos negros falam que a gente agora é a bola da vez, eu penso: 'oh, tristeza...'. Não fico deslumbrado. Num país de racismo velado como o Brasil, o negro só tem visibilidade se oferece algum tipo de estranhamento. Ou é o pagodeiro que tem carro, ou o artista que viaja de avião. Cada um é valorizado em função de algo muito específico.
'Aquele ali joga futebol; aquele lá canta bem; o outro tem pau grande'. Eu me faço notar pelo meu físico, pela minha voz grave. Mas é o conhecimento, a cultura, que cala o preconceito. Se um negro falar três idiomas, nunca será ridicularizado. Mas isso também é uma característica do racismo. A gente tem que trabalhar em dobro, estudar, ralar.

Fui casado com duas mulheres brancas e com a primeira tive dois filhos, Juliana e Leonardo, hoje adolescentes. O mais novo tem a pele clara e chegou a ficar confuso com a sua mulatice. Mas já começou a se assumir como 'negão', acho bom. Eu, que só vivia no meio de brancos, tive mais dificuldade. Namorei poucas negras, por alguma razão que desconheço tenho preferência por brancas. Pode ser um padrão afetivo ligado à minha primeira paixão, aos 12 anos.
Eu era louco por uma ruiva de olhos verdes, filha de um russo que morava no subúrbio do Rio de Janeiro. Era um amor platônico, achava que ela seria inacessível por causa da minha cor. Depois namorei uma filha de italianos que morria de medo da família descobrir. Durante muito tempo, fiquei meio persecutório, imaginava que todo mundo ficava de olho quando saía com uma branca. A minha segunda mulher me achava encucado demais. Felizmente, superei tudo isso.

Morei no Rio de Janeiro até os 20 anos, sempre convivendo com brancos, mas foi em São Paulo que comecei a me dar conta do 'negão' que eu era. Desencanei de fazer seminário e comecei a trabalhar no meio artístico. Fui e continuo sendo assediado por brancas, não me sinto incomodado. Gosto de mulheres, de forma geral. Encaro tudo com bom humor -se eu não estiver afins, nada feito. Se elas estão pensando assim, por que então não vou me divertir?
Existe um lado positivo nessa moda. Quem sabe essa 'supervalorização' do negro (bota aspas aí porque o tema é controvertido) não seja necessária antes de atingir um ponto de equilíbrio? Vamos pensar no lado bom.

Cansei de ir atrás de trabalho e só ser aceito se tem papel de preto. Queria passar nos testes, independente de ser preto ou branco, porque sou bom ator. Já fiz novelas, minisséries e até um episódio sobre preconceito no "Você Decide", da Rede Globo. Participei da peça musical "Histórias de Nova York", baseada nos contos da Dorothy Parker, fazendo o papel de um cantor de spiritual homenageado numa festa de brancos.
Uma das convidadas, interpretada pela atriz Maitê Proença, usava o tempo inteiro pérolas do tipo: 'até gosto de pessoas de cor -parecem crianças, sempre rindo, cantando...' Ou então: 'o meu marido não tem nada contra negros -desde que fiquem em seus lugares'.

Difícil um lugar para o negro numa sociedade racista. Pode provocar crise de identidade. Hoje apresento um programa sobre cinema na TV Cultura. Para entrar no "Zoom", concorri com mais brancos do que negros. Conquistei pelo meu talento o trabalho de apresentador. Mas foi a primeira vez que não fiz um teste na televisão especialmente para um papel de negro. Essa sim é uma situação que considero ideal."

marie claire.107.fevereiro.2000

"Sou tímido para atacar de negão sedutor, mas é mentira que nunca tenha tirado vantagem disso"
Rui Pereira de Assumpção, 40 anos, garçom
"Sempre fui paquerado por brancas. Na maioria das vezes, levo na brincadeira. Dá uma levantada na moral quando uma menininha olha pra gente e diz: 'ô negão gostoso'. Não sou mais nenhum garoto, tenho 40 anos, acho legal ser notado. Não vou me sentir objeto sexual só porque uma loirinha resolve dar uma passada de mão na minha bunda.
Reconheço que se o gesto partisse de um branco e o alvo fosse uma mulher negra, a atitude poderia ser considerada falta de respeito. Eu não encano. Já me envolvi com gente branca, gente negra, faço o que meu coração mandar. Não vou negar que goste de opostos, aquela velha história de atração entre pólos diferentes. Tive um romance de arrepiar a pele com uma bailarina loira, linda, exuberante. O namoro não deu certo, mas ficamos grandes amigos.

Trabalho há muito tempo em lugares públicos, bares, casas noturnas, lojas de roupas transadas. Transito em diversas áreas, faço comerciais, sou procurado para campanhas publicitárias específicas, como aquela do uísque "Black & White", em que fui fotografado nu junto de uma mulher branca. O ideal seria participar como cidadão em propagandas variadas -não só por ser um negro interessante. Também faço outros bicos posando como modelo vivo em escolas de arte. O meu trabalho artístico não decolou muito; há 20 anos era mais difícil sobreviver como um ator negro. A minha primeira participação em um longa-metragem é um retrato fiel da situação: estreei no cinema num papel de trombadinha.

Fui um garoto pobre. Nasci na periferia de São Paulo e tive de interromper os estudos para trabalhar. Minha mãe era empregada doméstica e não sabia escrever.

Vamos supor que, entre os quatro irmãos da minha família, eu fosse o mais chamativo. Não sou o único que namorou pessoas claras, tenho dois irmãos que já viveram com brancas. Claro que, no meu caso, a aparência abriu portas, sou uma pessoa privilegiada sob este aspecto. Alto, com traços europeus. Tenho abertura para a vida. Viajei, circulei. Nunca me senti muito envaidecido com elogios, passei a vida inteira ouvindo as pessoas dizerem que sou bonito.
Sou tímido para atacar de negão sedutor, mas é mentira que nunca tenha tirado vantagem disso. Tem um lado embaraçoso nas cantadas, principalmente se partem de mulheres casadas que chegam nos restaurantes com os maridos. Às vezes me elogiam na frente deles, se eu fosse branco ficaria vermelho. Sei reconhecer quando alguma mais atiradinha tem nos olhos a mensagem 'vou comer esse negão hoje'. Posso achar estimulante e deixar rolar ou ficar indiferente até ela se tocar de que sou garçom e não prato de self-service".
http://marieclaire.globo.com/edic/ed107/rep_negro3.htm

PRINCIPAIS CONCEITOS - MODULO 3

Abaixo destacamos alguns conceitos tratados no módulo 3:

Identidade - Caracterizam-nos como indivíduos tipicamente únicos. Nossa particularidade está nas diversas identidades que obtemos (raça, etnia, orientação sexual, entre outras). Sendo assim a combinação de diversas categorias/características nos faz um (a) ser/pessoa único (a), a qual a unidade se resume em o nome individual de cada um.

Mestiços - Designação de pessoas que são descendentes de duas ou mais etnias ou raças.

Gilberto Freyre - Autor que elaborou a interpretação de que o Brasil fazia uso da cultura para o entendimento do processo de formação da sociedade brasileira.

Democracia Racial - Convivência pacífica e ausente de conflitos com fundamentos de preconceito racial.

Sistema de Leis Jim Crow - Leis criadas nos países sulistas e alguns limítrofes com os Estados Unidos, que prejudicaram afros americanos, asiáticos e outros grupos éticos raciais. Destacando-se entre essas leis as que exigiam lugares separados para pessoas brancas e negras, nas escolas, locais públicos, trens e ônibus.

Estratificação Social - Se refere a um complicado campo de instituições sociais que provoca desigualdade.


Desigualdade - A desigualdade é resultado de diversos fatores ocorridos na sociedade, como a relação de trabalho, ocupações e papéis sociais, os quais possuem valores desiguais de indivíduo para indivíduo.

Indicador Social - É uma avaliação que possui um sentido social, a qual permite funcionamento de um conceito contemplativo, de instância teórica, de aproveitamento em investigações acadêmicas, e de utilização na formulação ou implementação de políticas públicas.

Internalização de recursos - Refere-se à situação e possibilidades em que as crianças e jovens das famílias iniciam sua trajetória social.

Autonomização de status - Momento da vida do jovem, em que ele começa a adquirir um status social próprio.



Políticas de Inclusão - Políticas com intenção de diminuição das desigualdades sociais, Ex. Cotas para negros nas universidades.



Racismo cordial - cuja manifestação se dá em espaços privados, mas que tem impacto no público e na (re)produção de desigualdades entre negros/as e brancos/as.



Antropologia - é uma ciência humana que estuda o ser humano e suas relações (sociais, econômicas, sentimentais, comportamentais, culturais, etc).Portanto, os antropólogos estudam a diversidade cultural dos povos.

Darwinismo Social afirma a existência de "características biológicas e sociais que determinariam que uma pessoa é superior à outra", o que torna claro a relação entre darwinismo Social e Etnocentrismo.

Cultura - podemos entender todo tipo de manifestação social. Modos, hábitos, comportamentos, folclore, rituais, crenças, mitos.

Racismo - é a tendência do pensamento, ou o modo de pensar, em que se dá grande importância à noção da existência de raças humanas distintas e superiores umas às outras, normalmente relacionando características físicas hereditárias a determinados traços de caráter e inteligência ou manifestações culturais. O racismo é um conjunto de opiniões pré concebidas que valorizam as diferenças biológicas entre os seres humanos, atribuindo superioridade a alguns de acordo com a matriz racial.

Descolonização - é o processo pelo qual uma ou várias colônias adquirem ou recuperam a sua independência, geralmente por acordo entre a potência colonial e um partido político (ou coligação) ou movimento de libertação.

Assimilação – processo social em virtude do qual indivíduos e grupos diferentes aceitam e adquirem padrões comportamentais, tradição, sentimentos e atitudes de outra parte. É um ajustamento interno e indício da integração sociocultural, ocorrendo principalmente nas populações que reúnem grupos diferentes.

Etnocentrismo – considerar as categorias, normas e valores da própria cultura ou sociedade como parâmetro aplicável a todas as demais (Definição dicionário Aurélio, 1999, p.849).

Modernidade - período histórico cujas origens remontam ao século XVI, consolidado com as revoluções industriais e liberais do século XVIII. Associado à emergência do capitalismo, tem como características principais a ideia de indivíduo, a emergência do direito liberal e da ciência como campo autônomo (e depois fragmentado em várias especialidades) como ordenadoras do mundo social por meio da supremacia da “razão”.

Nazismo –ideologia do Partido Nacional Socialista que afirmava a superioridade biológica da raça ariana e por isso a necessidade de dominar as raças inferiores, tais como os judeus, eslavos, ciganos e negros. Pregavam que era preciso exterminar os considerados doentes incuráveis, tais como os homossexuais, epiléticos, esquizofrênicos, retardados, alcoólatras e outros. Com Hitler no poder, a ideologia nazista se dedicou a construir teorias que justificavam o racismo e o antissemitismo.

Racialismo – conjunto das ciências que buscam comprovar que a raça humana está subdividida em outras raças ou sub-raças.

Xenofobia – repulsa ao que é e a quem é estrangeiro/a.

Relatos de Viajantes – O relato de viajantes constituem um importante material de informações e pesquisa sobre o cotidiano, grupos étnicos e outros. Os relatos revelam olhares de europeus sobre a realidade das Américas. Há autores que denominam esses relatos como a segunda descoberta da América. Os viajantes se propunham conhecer e aceitar “os diferentes” embora vários relatos sejam carregados de preconceitos.

Casta deicida – o povo judeu era conhecido, entre os católicos medievais, como casta deicida.

Antissemita – aquele/a que tem aversão e ódio ao povo judeu.

Monogenismo – sistema antropológico que considera todas as raças humanas provenientes de um tipo único primitivo.

Poligenistas – defendem a teoria de que a humanidade não tem uma origem comum, mas descende de espécies distintas, de diversos grupos humanos.

Degeneração – perder as características próprias da espécie.

Predestinação – destinado com antecipação, escolhido desde toda eternidade.

Miríade – quantidade indeterminada, mas considerada imensa.

Línguas semitas – Nos estudos linguísticos do século XIX, os termos semita, hamita e camita foram utilizados para referirem-se simultaneamente a grupos linguísticos e a grupos raciais. Note-se a continuidade do uso de termos bíblicos na ciência dessa época. No século XX, o tronco linguístico semita passou a ser designado como “afro-asiático”.

Gobineau – Uma das obras mais importantes do século XIX, para as doutrinas racistas, foi o Essai sur l’inégalité des races humaines, publicada por Arthur de Gobineau. Para Gobineau e seus/as seguidores/as, a história humana estava determinada pelas raças e era, além disso [...] “uma sucessão de triunfos das raças criadoras, dentre as quais a anglo-saxônica era preeminente” (Skidmore, 1976: 67).

Raça - é um conceito que obedece diversos parâmetros para categorizar diferentes populações de uma mesma espécie biológica desde suas características genéticas; é comum falar-se das raças de cães ou de outros animais

Etnia - deriva do grego ethnos, cujo significado é povo. A etnia representa a consciência de um grupo de pessoas que se diferencia dos outros. Esta diferenciação ocorre em função de aspectos culturais, históricos, linguísticos, raciais, artísticos e religiosos.

Aculturação – processos pelos quais as pessoas aprendem os padrões de comportamento do seu grupo social.

Método etnográfico – é o método de pesquisa que pressupõe a interação prolongada entre o/a pesquisador/a e o sujeito da pesquisa e a vivência cotidiana do/a pesquisador/a no universo do sujeito.

Determinismo racial – a teoria determinista vê o ser humano como produto de três fatores – meio ambiente, raça e momento histórico. O determinismo racial afirma que a “raça” determina, ou seja, define as escolhas, as características morais e intelectuais. Para o determinismo racial, existe uma raça superior, a branca, e raças inferiores (não brancas).

Estratificação social - refere-se a um complexo de instituições sociais que geram desigualdades questão racial e de gênero.

Desigualdade - É, fruto da combinação destes processos: os trabalhos, as ocupações e os papéis sociais na sociedade são combinados aos “pacotes de recompensa” que possuem valores desiguais (GRUSKY,1994).

Racialmente endogâmicos - casamentos entre pessoas pertencentes à mesma raça/etnia.

Mobilidade ascendente - movimento de ascensão e elevação na escala social.

Autonomização – processo que se governa e se reproduz por si mesmo e por suas próprias leis, de forma independente.

Origem familiar - Diz respeito à situação social das famílias; os recursos disponíveis a seus membros são fundamentais para a trajetória socioeconômica dos indivíduos.

A internalização de recursos - Trata-se das condições e possibilidades nas quais crianças e adolescentes das famílias iniciam sua trajetória social. Questões como taxas de mortalidade infantil, acesso à educação infantil e a escolarização básica caracterizam essa etapa do processo.

Background social – origem e ambiente social dos indivíduos.

Autonomização de status - Corresponde à fase do ciclo de vida na qual o/a jovem
começa a adquirir status social próprio, envolvendo primordialmente duas dimensões: acesso ao mercado de trabalho e escolha marital (que corresponde aos diferentes arranjos na constituição de uma nova família).

Realização de status - fase correspondente ao momento no qual o indivíduo assume um status próprio e autônomo definido a partir da sua posição na estrutura sócio-ocupacional e da distribuição da renda pessoal.

Elites Negras - Essa denominação aparece frequentemente nos ciclo de estudos de relações raciais, financiados pela UNESCO, na voz de intelectuais como Bastide e Fernandes (1955), Costa Pinto (1953) e Thales de Azevedo (1953), dentre outros.

Black Power - foi um movimento liderado por negros/as, que teve seu auge no final dos anos 1960 e início dos anos 1970 em todo o mundo, especialmente nos Estados Unidos. 

Embranquecimento social - segundo Andreas Hofbauer, “o ideário do branqueamento induz a negociações contextuais das fronteiras e das identidades dos envolvidos. Essa prática social contribui não apenas para encobrir o teor discriminatório embutido nessa construção ideológica, mas também para abafar uma reação coletiva. Assim a teoria do branqueamento ‘atua’ no sentido de dividir aqueles que poderiam se organizar em torno de uma reivindicação comum, e faz com que as pessoas procurem se apresentar no cotidiano como o mais branco/a possível” (HOFBAUER, A. Uma história de branqueamento ou o negro em questão. São Paulo: Editora da UNESP, 2006, p. 212-213).

Criola (1992) - é uma organização da sociedade civil conduzida por mulheres negras, a partir da defesa e promoção de direitos das mulheres negras em uma perspectiva integrada e transversal.

Ancestral – antecessor/a do movimento, a grande referência. O termo se refere aos/às antecessores/as e antepassados/as cidadania reivindicada pelo movimento negro.

Referências

Introdução ao Racismo.. in: Curso de Formação em Gestão de Políticas Públicas em Gênero e Raça/GPP-GeR. Texto acessado em 26/10/2011: ttp://www.gppgr.neaad.ufes.br/file.php/111/Modulo3.