segunda-feira, 7 de novembro de 2011


Na educação brasileira o que se entende por raça:
                                      "Construção social forjada nas tensas relações entre brancos e negros, muitas vezes simuladas como harmoniosas, nada tendo a ver com o conceito biológico de raça cunhado no século XVIII e hoje  sobejamente superado. Cabe esclarecer que o termo raça é utilizado com frequência nas relações sociais brasileiras, para informar como determinadas características físicas, como cor de pele, tipo de cabelo, entre outras, influenciam, interferem e até mesmo determinam o destino e o lugar social dos sujeitos no interior da sociedade brasileira (BRASIL, 2004b, p. 13).

Os afrodescendentes são grupos que foram alvo de discriminações e preconceitos e, como consequência disso, tiraram-lhes muitos dos direitos que asseveram a igualdade de condições e de oportunidades para a construção de uma vida digna. Os processos que a população afro-brasileira tem com a educação são de resultados de desigualdades historicamente construídas, o que é desconhecido para a maioria dos professores da educação básica brasileira. A trajetória educacional dos afro-brasileiros nos revela que, desde o Brasil Colônia, a função do sistema de educação era de reproduzir as relações de dominação e reproduzir ideologia dominante. A educação dos escravos e africanos não era desejada, era proibida. O  pensamento da classe dominante era tornar dócil a população escrava, a escola poderia libertá-los e fazer adquirir ideologias libertárias. A proibição não era somente para os escravos, mas também para o negro que era livre. Fica evidente que a Lei era racista, deixando o negro à margem de seus direitos. O ingresso dos negros na escola brasileira só foi pensado próximo à abolição da escravatura. Os idealistas da abolição defendiam que a escola era uma maneira de inserir o negro na sociedade. Porém os direitos da pessoa negra não eram respeitados, a escola seria apenas uma forma de controle dessa população, apenas como uma educação adestradora com o objetivo de força de trabalho para aquele período vigente. Em 1878, em um decreto imperial, foi determinado que os negros com mais de 14 anos deveriam ser inseridos nas escolas noturnas. Esses negros deveriam ser livres e libertos. As escolas funcionavam duas horas diárias no verão e três no período do inverno. Na trilha da história educacional dos direitos à educação negada ao negro,  surgiu, por volta de 1930, o movimento negro, com a frente negra brasileira, que  só começou a ganhar reconhecimento e força por volta de 1978. Desse movimento,  nasceu o  Movimento Negro Unificado. Desse movimento, originaram-se grupos de  combate ao racismo, associações, blocos de candomblé, blocos carnavalescos, núcleos de pesquisa e várias organizações não governamentais. Principais movimentos conhecidos no Brasil são:

t Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra
t Fundação Cultural Palmares
t Instituto da Mulher Negra Geledés
t Instituto do Negro Padre Batista
t Projeto Geração XXI

O movimento negro aproxima-se de seus 100 anos de existência. As reivindicações quanto aos diretos de uma educação igualitária, democrática e antirracista tidos no movimento tiveram poucos avanços. As denúncias de atitudes de racismo e das desigualdades raciais nos  sistemas de ensino brasileiros, mais explicitamente, emergem a partir dos anos  80, criando uma cultura de respeito à história do negro. Para além dessas  mudanças, também se iniciaram por meio do movimento negro propostas pedagógicas e de intervenção nos espaços educacionais com ampliação de direitos  e, assim, devolver seu direito à cidadania.

Nenhum comentário:

Postar um comentário